Políticas públicas para a população negra é tema de encontro em Porto Velho

Encontro acontece até esta quarta-feira, no Rondon Palace Hotel

“Ser negra não é doença. É uma raça, e merecemos respeito”, disse a acadêmica Nilza Muniz, durante a realização do Encontro sobre Políticas Públicas para a População da Raça Negra que acontece nesta terça (13) e quarta-feira (14), no Rondon Palace Hotel, em Porto Velho. O evento tem a finalidade de reunir as esferas federal, estadual e municipal, além da sociedade civil, para discutir ações de fortalecimento à promoção da igualdade racial. No Brasil, 58% da população é constituída por negros. Apesar de ser a maioria, eles ainda sofrem com a falta de igualdade social.

Apesar de afirmar não ter sofrido preconceito, Nilza conta que já sofreu pelo filho, hoje com 25 anos. “Quando ele estudava, por volta dos seus 13 anos, foi chamado de forma pejorativa de ‘neguinho’ e ele ficou muito chateado com isso. Eu o criei com a consciência de que ele é negro, mostrei a importância da nossa raça e o ensinei a ter orgulho disso. Mas naquela época, ele se sentiu horrível por ser ofendido por um coleguinha de classe. Eu fiquei revoltada”.

De acordo com a secretária estadual de Assistência e do Desenvolvimento Social, Marionete Sana, combater o preconceito e promover a igualdade é uma luta de todos. “Esse é mais um evento, agora com o apoio do governo federal, para lutarmos em busca de igualdade. Temos que mudar essa cultura instalada durante séculos. Em Rondônia, os negros vieram para trabalhar nos cafezais e na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, tem toda uma contextualização histórica que necessita ser reparada, dando igualdade e oportunidade aos negros”.

Para a chefe do Núcleo da Igualdade Racial da Seas, Elsie Shockness, é preciso desenvolver ações para promover a igualdade racial. “Quando as políticas públicas são colocadas em prática, acontece a melhoria na qualidade de vida, com acesso à saúde, educação, o que gera a diminuição do preconceito”,  apontou Elsie Shockness.

Nilza lembra que o filho foi ofendido por um colega na escola e ficou muito triste com a situação

“Em vista do que era antes, melhorou bastante. Posso dizer que uns 70%. Mas ainda há muito a ser feito para avançar e ter uma igualdade racial. Nós fomos um povo excluído, e hoje brigamos por nosso espaço, nossos direitos. Merecemos e vamos lutar por isso”, destacou mãe Nilda, presidente da Federação de Cultos Afro Religiosos Umbanda e Ameríndios de Rondônia (Fecauber).

A secretária executiva do gabinete do governador, Cira Moura, destacou que mais uma vez Rondônia sai na frente e é o primeiro estado da região Norte a sediar um evento dessa magnitude. “É uma honra receber representantes federais e municipais para debatermos, juntos, essa política que é tão importante para o desenvolvimento da nossa população. Foi nesta gestão que instituímos o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial [Cepir-RO], o que podemos considerar um marco. Os conselhos têm um papel muito forte e é importante fazer com que eles possam ir além”.

A secretária-geral do Cepir-RO, Rosenilda Ferreira, conhecida como Rosa Negra, disse que já sofreu muitos preconceitos por ser negra. “Eu tive a sorte de crescer numa família consciente. Mas isso não impediu que eu sofresse com o racismo. As vezes você entra em uma loja e o atendente não dá a mínima porque acha que você não tem condições de comprar um sapato por causa da cor da pele. Estamos lutando para mudar essa realidade. E esse é o nosso papel. Combater esse preconceito. Mostrar o valor do negro. O Cepir é um conselho novo, mas é muito atuante em defesa da igualdade”, ressaltou.

Secretária da Cepir, Rosa Negra, afirma ter sofrido preconceito

O evento é uma realização do governo de Rondônia, por meio da Seas com o apoio da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Secretaria Nacional de Articulação Social e do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Cepir).

Na primeira manhã do evento estiveram reunidos prefeitos, deputados e gestores federais, estaduais e municipais, além de representantes do Incra e Funasa. Confira a programação.

PROGRAMAÇÃO – DIA 13

13h40 às 15h – Mesa II – Infraestrutura: Políticas Públicas para a População Negra
• Programa Brasil Quilombola
• Plano Juventude Viva
• Saúde da população negra
• Vulnerabilidade da mulher negra
• Programas voltados à população LGBT
• Políticas Públicas de saneamento básico para a população negra
• Políticas de assistência à população negra

15h30 às 17h30 – Abertura para perguntas

PROGRAMAÇÃO DIA  14
8h30 – Credenciamento

9h30 às 10h – Abertura solene/composição da mesa

10h30 às 10h45 – Apresentação das demandas levantadas por meio do Monitoramento de Políticas de Igualdade Racial

10h45 às 12h – Mesa I – Políticas Públicas Sociais para a População Negra
• Acesso, ingresso a educação e aplicabilidade da Lei 10.639/03
• Políticas Culturais Africanas e Afrodescendentes
• Acesso a terra
• Vulnerabilidade do jovem negro
• Acesso a programas sociais
12h30 às 13h30 – Almoço
13h40 às 15h – Mesa II – Infraestrutura: Políticas Públicas para a População Negra
• Programa Brasil Quilombola
• Plano Juventude Viva
• Saúde da população negra
• Vulnerabilidade da mulher negra
• Programas voltados à população LGBT
• Políticas Públicas de saneamento básico para a população negra
• Políticas de assistência à população negra