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Em Porto Velho, Casa do Ancião abriga idosos em situação de abandono ou maus tratos e atua junto ao Ministério Público

31 de outubro de 2017 | Governo do Estado de Rondônia

Todos os dias o telefone da Casa São Vicente de Paulo recebe inúmeras ligações. Nos mais agitados são mais de 20, e estes episódios são mais recorrentes nos meses de julho e janeiro, época de férias. Estas chamadas poderiam ser de familiares dos 30 idosos que residem lá ou de outras pessoas que gostariam de visitá-los, por exemplo, mas essa é uma realidade ainda muito distante. Os telefonemas, na grande maioria, levam denúncias de maus tratos à idosos (pessoas com idade igual ou maior à 60 anos, segundo o Estatuto do Idoso), ou relatos de abandono. São informações, pedidos de ajuda ou de resgate que acendem um alerta: absolutamente todos que estão lá têm um histórico de maus tratos.

No estatuto, instituído pela Lei Nº10.741 de 1º de outubro de 2003, o Art. 98 do Capítulo III (Dos crimes em Espécie), “abandonar idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado” pode implicar em pena de detenção de seis meses a três anos de prisão e multa.

Hoje a Casa tem 30 idosos internos

Um destes casos é o seu Lázaro, de 103 anos. Ele chegou no dia 19 de outubro após uma ligação anônima com pedido de ajuda. A equipe da Casa do Ancião foi até o local e encontrou um cenário triste e desumano. “Ele estava sozinho em um apartamento minusculo e sem nada para se alimentar, com uma garrafa com água pela metade. Sem roupas, ele estava deitado em um colchão pequeno, sujo e nos contou que o filho o visitava raramente, apesar de morar um apartamento bem ao lado de onde ele estava”, explica Rose Imperiano, psicóloga da Casa.

Apesar dos mais de 100 anos, Lázaro conta com lucidez que não se alimentar era uma imposição feita pelo filho. O trauma, inclusive, é carregado até hoje, mesmo tendo sido resgatado. “Não quero dar trabalho, não posso dar trabalho”, diz. O caso é investigado pelo Ministério Público do Estado.

Atuação da Casa

Quando há a denúncia, uma psicóloga e uma assistente social vão até o local para apurar. Caso a informação seja verdadeira e haja vagas para abrigar o idoso, o resgate é feito de forma passiva ou não. “Nós não temos o objetivo de romper o vínculo familiar, o idoso precisa do contato com os parentes. Então o primeiro passo é conversar e mostrar que levá-lo é a melhor decisão, a força policial vem em último caso”, explica a psicóloga.

Após o resgate, a situação é repassada ao MP do estado, que fará a investigação. Ione Braga, diretora da Casa do Ancião, diz ainda que mesmo com tantas denúncias, é importante levar em consideração se os familiares agem de má fé ou se não sabem cuidar do idoso, por isso esse trabalho é minucioso. “Muitos envelhecem e criam hábitos diferentes, ficam teimosos e não aceitam a rotina da família, que por sinal pode não saber lidar com isso muito bem. Então a gente chama aqui, conversa e vê se há as más intenções. Caso haja, mostramos o que é feito com ajuda da justiça; se não houver, nosso objetivo sempre será manter o vínculo”, resume.

Na casa os idosos têm acesso à seis refeições por dia, quartos adaptados, medicamentos e consultas prioritárias quando há a necessidade. Eventualmente são realizados passeios, dentro das limitações de cada um, para que haja uma interação nos ambientes sociais. “Eles precisam desse momento. É um trabalho diário, mas que realiza cada um de nós”, finaliza a diretora.

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Fonte
Texto: Larissa Vieira
Fotos: Daiane Mendonça
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Assistência Social, Governo, Inclusão Social, Rondônia


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