Governo de Rondônia
23/11/2024

EDUCAÇÃO PÚBLICA

Educação de jovens e adultos projeta qualificação profissional a partir de 2018

21 de setembro de 2017 | Governo do Estado de Rondônia

Rosineide formou três filhas, agora pensa em si

Vinte anos atrás, a consultora de venda de cosméticos Rosineide Apolinário Ferreira de Brito, 48 anos, deixou de estudar a 4ª série do Ensino Médio. Morava em Recife (PE), sua terra natal, e se mudou para Porto Velho, onde nasceram suas três filhas, duas formadas e uma ainda na faculdade.

Este ano ela voltou à sala de aula, cursando a 6ª série no Centro de Educação de Jovens e Adultos Padre Moretti (bairro São Cristóvão), onde fará o exame geral (provão) deste semestre.

“Eu cuidei muitos delas, mas parei no tempo. Estou pensando mais em mim e quero estudar psicologia”, comentou Rosineide. Ela estuda das 7h30 às 11h40 e, depois do almoço, a partir das 14h trabalha até à noite.

Aos 17 anos, quando desembarcou em Porto Velho, ela havia cursado a 4ª série numa escola estadual em Recife. Reingressou, fazendo a 5ª, agora a 6ª, e já vislumbra a 7ª e 8ª convicta de suas aptidões.

“Matemática não é problema, o problema sou eu; em português, venço as dificuldades, mas em ciências, geografia e história estou bem”, disse.

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) administra atualmente 30 Ceejas, todos eles criados para o público alvo: jovens a partir de 15 anos, adultos e idosos.

Atualmente são ofertados cursos presenciais, semipresenciais e exames de conclusão de etapa/nível de escolaridade. O curso modular (semipresencial) ofertado em Rondônia adotará novo formato a partir do primeiro semestre de 2018, assegurando aos alunos carga-horária presencial e prazo para conclusão dos estudos, informou a responsável pelo Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (Neeja), Ângela Aguiar.

“Agora, além da formação geral dos alunos, haverá oferta de cursos de qualificação profissional”, ela anunciou.

Pelo EJA, a Seduc reforça o Projeto “Um Conto para a Liberdade”, com aquisição de acervo bibliográfico para unidades prisionais.

Em fase de mobiliamento, o prédio de Alta Floresta do Oeste (Zona da Mata de Rondônia) será inaugurado brevemente pelo governo. No ano passado foi entregue o prédio próprio de São Miguel do Guaporé.

Ângela Aguiar, responsável pelo Neeja

Ângela exemplifica com situações de evasão: “Muitos, depois de longo período afastado para continuidade e conclusão de seus estudos, voltam pela necessidade de conseguir a inclusão, ou melhor, colocação no mercado de trabalho”.

O Neeja ainda não dispõe de dados qualitativos no que diz respeito ao fato/motivo de o estudante sair da escola, mas detecta as situações mais comuns.

“Os que abandonam a sala de aula são jovens e adultos de baixa renda, em sua maioria negros, que trocam com frequência os estudos por um trabalho, muitas vezes precário; têm ainda as situações vinculadas a gravidez ainda na adolescência”, assinalou Ângela.

Por isso, Ceejas e escolas aperfeiçoam projetos voltados para a permanência dos estudantes, mesmo com todas as adversidades e fatores que colaboram para que saiam da escola, muitas vezes sem concluir seus estudos.

Segundo a responsável pelo núcleo, muitos alunos se tornam arrimo de família e com a preocupação financeira de ajuda-la financeiramente, aproveitam a idade produtiva entre  15 e 25 anos em geral. “Depois, o próprio mercado de trabalho e outras demandas sociais vão exigindo que retornem, concluam ou continuem seus estudos”.

ABORDAGEM DIFERENCIADA

Segundo Ângela, com a melhoria dos prédios, o governo reafirma a educação como direito constitucional de toda pessoa. “No Ceeja se encontram aqueles que, por razões e motivos diversos, não tiveram a oportunidade de frequentar a escola no tempo certo, ou tiveram percalços no caminho”, comentou.

Considerando o contexto e a função que a EJA assume, Ângela lembra que ao aluno do Ceeja deve ser dada “a possibilidade de estar em pé de igualdade numa sociedade excludente e que marginaliza os diferentes”.

Desta maneira, planeja-se a prática pedagógica que realmente atenda ao público-alvo. “Professores são capacitados (na formação continuada) em serviço no próprio espaço escolar e a formação ofertada pela Seduc”.

Nessa prática, conforme ela explica, contemplam-se, entre outros, o perfil do estudante da EJA, suas necessidades, desafios de aprendizagem, evasão escolar, e práticas andragógicas (referentes à arte ou ciência de orientar adultos a aprender, segundo a definição creditada a Malcolm Knowles, na década de 1970).

Selecionam-se conteúdos, materiais didáticos e metodologias de ensino e de avaliação, já que esse público traz consigo uma bagagem de conhecimentos e saberes  extras-curriculares, experiências de vida, que não  pode  ser  ignoradas. Ensinam-se o suficiente para que o estudante da EJA tenha condição depois de egresso, dar continuidade ao nível superior  ou  a outros  projetos de vida.

Professor Barros: 21 anos de matemática

TIRA DÚVIDAS NO MODULAR

 O prédio do Ceeja Padre Moretti ficou subutilizado durante muitos anos, mas agora é frequentado por turmas presenciais de manhã, à tarde e à noite.

De manhã estudam quatro turmas de Ensino Fundamental, com 150 alunos; à tarde, três com 90 alunos fazem o seriado semestral.

“Na sala do modular o atendimento especializado é feito às terças e quintas-feiras à noite, para tirar dúvidas de alunos em rotatividade entre 2016 e 2017”, explicou o professor de matemática Josemar Barros.

Mesmo sonhando com a aposentadoria, a clientela o anima a seguir trabalhando. Com experiência de 11 anos nas escolas estaduais Murilo Braga e John Kennedy, e mais dez anos no Ceeja Padre Moretti, Barros aguardava na manhã de quinta-feira os alunos da progressão – aqueles aprovados, porém, parcialmente retidos em até três disciplinas: 27 no Ensino Médio e 55 no EF.

A coordenadora pedagógica Francisca Aguiar mostrou os mais recentes números da circulação de estudos específicos: “Neste segundo semestre de 2017 temos 1.500 inscritos no EF e 3.500 no EM”. São alunos que não concluíram a 8ª série do EF e o 3º ano do EM.

 COMO FREQUENTAR AS AULAS

 ► O interessado deve procurar a secretaria do Ceeja ou da escola, a fim de renovar sua matrícula no início do semestre, janeiro ou julho.

► Para ingressar em um dos cursos o aluno deve ter 15 anos completos no 1º e 2º segmento do Ensino Fundamental; 18 anos completos no Ensino Médio e apresentar no ato da matrícula ou rematrícula duas) fotografias 3×4, comprovantes de residência e escolaridade a partir do 2º ano do 1º segmento do EF e fotocópia de um dos documentos de identificação.

► Documentos de identificação: certidão de nascimento ou de casamento; RG, Carteira de Trabalho e Previdência Social ou Carteira Nacional de Habilitação; certidão de internação expedida pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude no caso de aluno em unidades socioeducativas; e ficha carcerária com foto do aluno em unidades prisionais; e Registro Indígena.

► Caso o aluno não tenha comprovação de escolaridade o Ceeja aplica o Exame de Localização.

Leia mais:
Mais de 2,4 mil se inscrevem para exames gerais do 2º semestre no Ceeja Padre Moretti; inscrições seguem até 1º de setembro
Em Rondônia, certificados de conclusão do Ensino Médio com base nas notas do Enem são expedidos pelos Ceejas


Leia Mais
Todas as Notícias

Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Jeferson Mota
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Rondônia


Compartilhe


Pular para o conteúdo