Governo de Rondônia
23/12/2024

AVANÇO NA SAÚDE

Primeiro implante de marca-passo cerebral é realizado em Rondônia pelo SUS no Hospital de Base, em Porto Velho

19 de dezembro de 2019 | Governo do Estado de Rondônia

Antônio Marques Souza foi o primeiro o paciente a fazer cirurgia de marca-passo cerebral em Rondônia

 

Há dez anos sofrendo com a doença de Parkison, o idoso Antônio Marques Souza, 68 anos, foi o paciente a fazer a primeira cirurgia de marca-passo cerebral em Rondônia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento foi realizado no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho, pela equipe da neurologista funcional Rafaela Rezende.

“Sobre o tratamento cirúrgico disponível, existe a técnica ablativa, que já é feita no Hospital de Base, que produz bom resultado, lembrando que essa é irreversível. A que nós fizemos nesse paciente, é conhecida como estimulação cerebral profunda. Consiste no implante de eletrodos no cérebro, acoplados a um marca-passo (gerador de pulso elétrico). Os eletrodos são alocados em núcleos encefálicos, como o globo pálido ou subtálamo, que estão diretamente relacionados com a doença de Parkinson”, explicou a neurologista funcional Rafaela Rezende, que realizou o procedimento.

Rafaela Rezende, neurologista funcional, com o paciente.

Não há cura para Parkinson. Os tratamentos existentes buscam frear o avanço dos tremores e da rigidez muscular, principais sintomas da doença. Existem medicações eficientes, mas que requerem cautela por serem tóxicas ao organismo.

 

Uma alternativa para pacientes com sintomas em estágios moderadamente avançados (geralmente cinco a dez anos após o diagnóstico) é o implante do marca-passo cerebral. O equipamento é muito semelhante ao marca-passo cardíaco, é pequeno e funciona com impulsos elétricos localizados. Ele age sobre áreas do cérebro afetadas pela doença, assim regredindo em mais de cinco anos o avanço dos sintomas.

De acordo, ainda, com a especialista, não são todos os pacientes com a doença de Parkinson que podem fazer esse procedimento, apenas de 10 a 15% são candidatos a essa cirurgia. “Um dos pré-requisitos para fazer a cirurgia é que a medicação já não esteja fazendo tanto efeito após 5 anos. Então a cirurgia vem para possibilitar ao paciente, com a doença, o retorno e o controle de seus movimentos. Um procedimento com recuperação rápida, passando em torno de três dias internado, sendo que um é necessário na UTI”, disse Rafaela Rezende.

 

“Isso dá mais qualidade de vida ao paciente. Ele resgata a própria autonomia para realizar tarefas cotidianas e, assim, adia o aparecimento de outros sintomas secundários da doença de Parkinson, como a depressão”, afirma a neurologista funcional do HB.

 

Para Antônio Marques, o sentimento agora é de alegria em poder fazer atividades simples, como vestir a própria roupa, o que dependia das filhas.

 

“Eu estou muito feliz, eu já posso levantar a perna, abro e fecho a mão sem tremor, já consigo me alimentar e, o melhor, consigo me vestir. Essa equipe do Hospital de Base me fez nascer novamente, só tenho a agradecer”, disse o paciente.

 

“Obrigada toda equipe do Hospital de Base. Agradeço ao governo do Estado por ter proporcionado essa cirurgia. É um sonho realizado, há 10 anos meu pai sofre com essa doença, nós não tínhamos mais esperança de que ele pudesse ter um conforto, uma qualidade de vida. A Secretaria de Saúde  abriu essa cirurgia para nosso pai, hoje a palavra é gratidão. Sou grata a todos pelo cuidado que tiveram com nosso pai. Nosso presente de deus nesse fim de ano”, disse Cristiane Lopes Barbosa, filha do seu Antônio.

COMO FUNCIONA 

Para implantar o marca-passo, o paciente é submetido a uma cirurgia. Eletrodos são colocados no cérebro e ligados ao marca-passo, que fica sob a pele na altura da clavícula. Eles são ligados por um fio, chamado de extensão, também sob a pele.

Cristiane Lopes Barbosa, filha do paciente Antônio

Esse conjunto irá realizar a chamada estimulação elétrica profunda cerebral, que irá interferir nos sinais que causam os sintomas motores do mal de Parkinson. Com a melhora dos sintomas, o paciente pode diminuir ou até largar as medicações e, assim, ficar livre dos efeitos colaterais, que chegam a incluir delírio e alucinações.

 

“Estudos recentes mostram que a cirurgia realizada precocemente, ainda durante as fases iniciais da doença, resulta em melhor qualidade de vida durante a evolução do problema”, diz a equipe de neurologia do HBAP.

NO BRASIL E NO MUNDO

A doença de Parkinson atinge cerca de 3% da população mundial, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), sendo que os pacientes geralmente tem idade igual ou superior a 50 anos. Conforme a idade avança, a prevalência da doença também se torna mais alta. Há estudos que apontam até 5% em populações acima dos 65 anos.

A doença está relacionada com queda na produção do neuro transmissor dopamina. Sem ela, a comunicação do cérebro fica comprometida e isso leva à perda de funções motoras e não motoras.

Leia mais:

 Governo avança nos estudos para construção do novo João Paulo II no modelo BTS, em Porto Velho

 Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro realiza sessão de cinema para levar alegria aos pacientes internados

 Pacientes com doenças crônicas recebem medicamentos em casa por meio de programa do governo de Rondônia


Leia Mais
Todas as Notícias

Fonte
Texto: Sângela Oliveira
Fotos: Ítalo Ricardo
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Governo, Rondônia, Saúde, Serviço


Compartilhe


Pular para o conteúdo