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DIA DAS MÃES

Método Canguru se consolida no Hospital de Base de Porto Velho reforçando laços familiares e o desenvolvimento do recém-nascido

09 de maio de 2018 | Governo do Estado de Rondônia

Morador de Alto Paraíso, Airton Pereira alugou um apartamento em Porto Velho por achar importante acompanhar o desenvolvimento da filha

 

Com 13 leitos disponíveis no Hospital de  Base Ary Pinheiro, em Porto Velho, o programa Método Canguru, há quatro anos implantado como atenção humanizada ao recém-nascido prematuro ou de baixo peso, se consolidou em Rondônia contribuindo com a aproximação dos pais com o filho, a partir do contato pele a pele, além de fortalecer os laços familiares, evitando o uso prolongado de incubadoras, o abandono de recém-nascidos e a separação de casais.

Conforme a pediatra neonatologista Telma Alencar, coordenadora estadual do programa, trata-se de uma política nacional de saúde pública, normatizada desde o ano 2000 pelo Ministério da Saúde, que leva em conta evidências científicas que apontam significativos resultados, tanto no quesito relacionamento dos pais com o filho, quanto no desenvolvimento físico, mental e psicológico do bebê, com a estabilidade térmica e estímulo à amamentação.

Telma explicou que o atendimento começa a partir do pré-natal, daí a importância dessa assistência a partir do início da gestação, pois uma vez identificado algum problema, como pressão alta, que poderá induzir o nascimento precoce, a gestante é orientada sobre a possibilidade de utilizar este método caso o filho nasça pesando até 1,250kg. Após o nascimento, se necessário, o bebê é levado à Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e só depois que apresentar quadro estável, sem o uso de medicação endovenosa, é levado à Unidade Canguru Intermediária, de onde só tem alta precoce após atingir 1,800kg. Isso para os pais que moram na capital, pois têm facilidade de retornar ao HB para avaliação após 48h, depois de três meses ou ainda se houver alguma intercorrência antes do prazo estipulado para retorno. Para os bebês de pais que moram no interior, o peso ideal para receber alta são 2,500kg. Depois disso, são assistidos por médicos nos respectivos municípios.

A bióloga Ivonete utiliza o Método Canguru com o filho Antony Natan, que nasceu no último dia 20

Como muitas mães têm receio de pegar o bebê prematuro, a pediatra informou que é incentivado primeiro o toque, e posteriormente a utilização do método que consiste em prender o recém-nascido só de fralda com uma faixa na posição vertical entre o peito da mãe ou do pai. “Antes o método era chamado Mãe Canguru, mas depois foi ampliado para o pai, passando a se chamar Método Canguru, reforçando o vínculo família-equipe de saúde”, citou a coordenadora, adiantando que para isto o pai ou a mãe terá que ficar por mais de meia hora com a criança, considerando que estudos científicos indicam que trinta minutos é o tempo que o bebê leva para adaptar-se à posição, que apresenta entre os benefícios o amadurecimento neurológico e muscular, gera mais confiança nos pais para o cuidado no dia a dia após receber alta, além de reduzir o refluxo e o índice de mortalidade infantil.

Em quatro anos, ainda segundo a pediatra Telma, pelo menos 280 bebês da capital foram atendidos pelo método em suas três etapas: pré-natal, UTI e o contato pele a pele com retorno após a chamada alta precoce. Ela observou que o mais importante do método não é a criança ganhar peso, que o ideal são 20 gramas por dia, mas o laço de afetividade que é criado e reforçado com orientações da equipe sobre os cuidados especiais.

“Para mim, é muito importante estar assim com ela, cuidando e acompanhando seu desenvolvimento”, disse Airton Pereira, 39 anos, agricultor do município de Alto Paraíso, enquanto mantinha na posição canguru a filha Larissa, com pouco mais de dois meses de nascida e há dois meses na unidade canguru. Ele acompanhava no dia 26 de abril a esposa Alzineia dos Santos, 21, que quando estava grávida de gêmeas descobriu a pré-eclâmpsia em uma consulta de rotina em Ariquemes, e por isto foi encaminhada ao HB, onde deu à luz às duas meninas com 30 semanas de gravidez, mas uma delas, a Emanuela, faleceu quatro dias depois. “Fico com ela das 8h às 10h, das 14h às 15h, das 17 às 18h e das 20h às 22h”, afirmou Airton, que até alugou um apartamento na capital para estar mais próximo da esposa e da filha.

 

Jackson Lucas, de São Francisco do Guaporé, reveza com a esposa Elicleia os cuidados com o filho Arthur

 

Também agricultor, de São Francisco do Guaporé, Jackson Lucas, casado com Elicleia de Andrade, ambos com 20 anos, se abrigou em uma casa de apoio para acompanhar o desenvolvimento do filho Arthur Manoel, que nasceu com seis meses. “Este método é bom porque ajuda a gente a ficar mais perto dela [da criança]”, argumentou.

Outra paciente do interior do estado (Vilhena), que estava no HB no dia 26, era a lavradora Leônia Santos, 34. Ela teve um casal de gêmeos, mas perdeu o menino com dois dias de vida. Após a morte do irmão, Ana Luíza, agora com dois meses, foi transferida para uma maternidade particular da capital, onde permaneceu entubada durante 38 dias, e depois foi transferida para a unidade canguru do HB. “Eu já tinha ouvido falar deste método. Agora entendo que é importante, pois vejo o desenvolvimento da minha filha”, observou.

Com 38 anos, a bióloga Ivonete da Silva descobriu a pressão alta com sete meses de gravidez. Com 33 semanas nasceu Antony Natan, no dia 20 de abril. Como teve parto cesariana, Ivonete conta que não pode ficar 24h no hospital, mas aproveita o máximo o tempo que fica com o filho até ele receber alta. “Este método ajuda bastante a gente a aprender cuidar de um bebê prematuro. Mas como fui operada, só venho às 8h30 e permaneço até as 18h”, revelou.

Com 16 anos, a estudante do 9º ano, M.B, teve Jéssica há 16 dias, com 37 semanas de gestação. “Fico o dia todo com ela. Sei que é muito bom para ela ganhar peso e crescer saudável”.

O método foi idealizado e implantado em 1979 por Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez, no Instituto Materno-Infantil de Bogotá (Colômbia), e foi expandido ao Brasil pelo Ministério da Saúde com a promoção de cursos de sensibilização voltado às equipes de saúde, que se tornam multiplicadoras em seus estados.

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Fonte
Texto: Veronilda Lima
Fotos: Esio Mendes
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Assistência Social, Governo, Rondônia, Saúde


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