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22/11/2024

SANIDADE AQUÍCOLA

Veterinário recomenda total depuração em tanques para evitar contaminação de peixes

03 de junho de 2015 | Governo do Estado de Rondônia

Santiago Benites de Pádua fotos de Ésio Mendes  (6)

Santiago de Pádua: peixe morre mais na fase de alevino a juvenil

Rumo à safra de 80 mil toneladas de peixes por ano, Rondônia deve cuidar rigorosamente bem de seus tanques e criadouros. A recomendação foi transmitida sábado (30) pelo médico-veterinário Santiago Benites de Pádua, durante palestra na 4ª Feira Rondônia Rural Show, no Parque Hermínio Vitorelli, em Ji-Paraná. “Tanque poluído é um dos mais graves problemas a comprometer uma criação saudável e estável”, ele alertou.

Em sua terceira visita ao estado em menos de seis meses, Pádua mencionou estratégias para se evitar possíveis prejuízos à atividade. Segundo ele, entre as medidas adotadas para o setor desde o ano passado, um grupo de trabalho formado por representantes dos ministérios da pesca e agricultura, Emater e Sebrae, articula-se com vistas a boas práticas e gestão eficiente.  “Sanidade aquícola pressupõe água limpa”, disse.

Formado na Universidade de Jaboticabal (SP) e consultor na empresa Aquavest, Pádua conscientizou em Rondônia duas turmas de 60 pessoas em dezembro de 2014, às quais demonstrou que o aumento da produção de peixes exige, sobretudo, cuidados de saúde.

Para o médico, a piscicultura na região norte brasileira passa por um momento de grandes definições: “Só permanecerão no mercado produtores dispostos a investir em tecnologia”, ele afirmou. “O aumento de produtores se deve às boas margens de lucro da atividade e aos incentivos governamentais, a exemplo de Rondônia. Assim, o resultado desse conjunto de fatores pode fazer a oferta de peixes saturar os mercados mais  próximos às regiões produtoras, principalmente onde a densidade demográfica é baixa”, analisou.

As principais espécies produzidas no País são tilápia, peixes redondos, surubim e recentemente o pirarucu. Segundo Pádua, a tilápia tem um grande mercado consumidor principalmente nas regiões sul, sudeste e nordeste, enquanto nas regiões norte e centro-oeste,  tradicionalmente a maior demanda é por peixes redondos. “O tambaqui é o principal deles; já entre espécies mais nobres, destaca-se o surubim, atualmente o híbrido entre cachara e jundiá amazônico, o mais produzido, e o pirarucu. Eles são comumente comercializados em grandes centros urbanos do Estado de São Paulo”.

DIAGNÓSTICO E CAPACITAÇÃO

O médico apontou o diagnóstico de enfermidades como essencial no controle e erradicação de doenças, acompanhado de barreiras sanitárias, capacitação profissional, testes e validação de ensaios no campo e uso racional de medicamentos. “Meu peixe morreu. Muitas vezes, o piscicultor só procura apoio técnico, depois de pronunciar essa frase e usar meia dúzia de produtos”, expôs o médico,  com farta ilustração fotográfica. “Esse é o perfil predominante”, apontou.

Pádua explicou que grande parte dos casos de mortandade de peixes ocorre na fase de alevino a juvenil. Mencionou, por exemplo, a icterícia em pintado, quando o peixe fica amarelado devido a lesões hepáticas. “Na maioria das vezes, o que mais caracteriza a mortandade são as bactérias que encontram portas abertas em parasitos. Fungos e micoses são problemas que se associam à má nutrição”, alertou.

De acordo com o médico, o setor aquícola ainda não está preparado para lidar com problemas sanitários, que hoje são evidentes tanto na tilapicultura quanto na produção de peixes nativos. “Sanidade em piscicultura é um problema negligenciado por grande parte dos profissionais do setor”, advertiu. Em consequência, os prejuízos com doenças infecciosas podem ser elevados, tanto por causa de enfermidades parasitárias que levam grande impacto ao mercado nacional, quanto à produção e comercialização de pescado, a exemplo do ocorrido com a salmonicultura do Chile, em 2007, com o surto do vírus da anemia infecciosa do salmão.

Santiago Benites de Pádua fotos de Ésio Mendes  (5)

“Piscicultor só procura apoio técnico, depois de usar meia dúzia de produtos e ver o peixe morrer”

piscicultor só procura apoio técnico, depois de pronunciar essa frase e usar meia dúzia de produtos

POLUIÇÃO

Segundo o médico, quanto maior a densidade de estocagem, a sujeira aparece. “Hoje em dia, a ração que sobrou, o peixe que apodreceu e fezes no viveiro juntam-se e fazem doer o bolso do piscicultor”, assinalou.

Pádua lembrou que o aparecimento de algas [que produzem toxina microcystis, causando o esverdeamento do tanque, impõe rapidamente a renovação da superfície d’água para eliminá-las, e só depois deve-se preocupar com o fungo de viveiro. Essa é a primeira grande medida para salvar o cardume e garantir o consumo humano. “O tratamento deve ser feito sem ração, porque o tambaqui, na temperatura acima de 30 graus C fica voraz. Se o produtor lhe oferecer mais ração, ele a ingere toda e sobrecarrega o organismo, paralelamente ao surgimento de parasitos”, explicou.

O médico condenou o transporte de peixes em sacos de ração, mesmo que a curtas distâncias. “Essa desculpa deve ser rejeitada, se a pessoa quiser manter o tanque sadio. Quando se tira o muco do peixe, ele perde a defesa e três dias depois do manejo inadequado, fica esbranquiçado e morre. O uso do sal estimula a produção do muco”.


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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Esio Mendes
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Agricultura, Agropecuária, Água, Capacitação, Convênios, Distritos, Ecologia, Economia, Empresas, Evento, Governo, Inclusão Social, Infraestrutura, Meio Ambiente, Piscicultura, Rondônia, Saúde, Serviço, Sociedade, Solidariedade, Tecnologia, Terceiro Setor, Transporte


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