CHUTANDO BARREIRAS
25 de setembro de 2019 | Governo do Estado de Rondônia
Ideal e firmeza de pensamento caracterizam a história do Projeto Pegasus Rondônia: Chutando Barreiras na quadra da unidade Zona Norte do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, em Porto Velho, onde 30 crianças e adultos da periferia treinam duas vezes por semana taekwondo , desde abril de 2018.
“Quando minha esposa Mara estava grávida de Matheus, eu me preocupava: se nascer com algum problema, vou ensiná-lo tudo o que sei, e aos filhos de outras pessoas também”, conta o coordenador do projeto, sargento bombeiro Amauri Fernandes da Silva, 4º dan nessa arte.
Matheus, 9 anos, nasceu perfeito, seu irmão Rafael, 7, também, e ambos treinam. Agradecido, Amauri não desistiu do ideal. Alunos autistas, hiperativos e até um cego, 25, o procuraram para frequentar a quadra do Ifro Norte às terças e quintas-feiras.
“Ele criança morava no bairro Três Marias, sua mãe é idosa, eu ia buscá-lo, mas quando se mudou para mais longe, no bairro Academia de Polícia (zona leste), ficou difícil”, conta.
Lilian, 5, e Lian, 10, do Jardim Santana (zona leste) começaram a frequentar as aulas no ano passado e também inspiraram o pai, o agente administrativo municipal Lauriane Alves Gomes. Lian já está na faixa amarela.
Desde o lançamento do projeto, o professor do campus Zona Norte, Jorge Washington, manifestou expectativa de ver a modalidade se tornar referência no instituto.
O sargento só se deu conta de alterar o projeto Chutando Barreiras quando procurou em São Paulo o mestre e árbitro internacional Marcelo Rezende, 7º dan, presidente da Panamericana da International Police Martial Art Federation (IPMF). “Antes de visitar o mestre, pretendia trabalhar apenas com alunos portadores de deficiências”.
“O senhor fará inclusão social verdadeira, se incluir deficientes ou não”, disse-lhe Rezende. Estava selada a união dos dois modelos, com apoio direto do Pegasus.
“Voltei de São Paulo com o dublê Pegasus Rondônia Chutando Barreiras”, diz.
Graças à conversa seguida de compromisso, ele animou-se a reuniu alunos matriculados em escolas dos bairros Aponiã, Jardim Santana, Nacional e do Setor Industrial.
Um ano e cinco meses depois de iniciar o treinamento, o sargento Amauri se dispõe a ampliar o número de participantes: “Minha intenção é ver a quadra cheia, e eu aqui no alto da arquibancada, olhando todos eles”.
Vislumbra ainda a inserção dos alunos no projeto Bombeiro Mirim, cuja última turma concluiu atividades em 2004. Guajará-Mirim, Jaru e Ouro Preto do Oeste são exceções.
A notícia do projeto correu o estado. Recentemente, ele foi procurado para levar a segunda extensão ao interior do estado. Até que se confirme essa possibilidade, prefere não mencionar a cidade contemplada.
Em 20 de julho, enquanto o sargento fazia exame para o 4º dan, 23 alunos vestiam a faixa amarela e dois a faixa verde.
“Todos voltados para a disciplina, socialização, qualidades físicas e o melhor aproveitamento do ensino da defesa pessoal; em competições, somente a seletiva e o campeonato estadual”, assinala o coordenador.
Gabriel dos Santos, 9, aluno do 3 ano, entra na quadra seguido pela mãe Sandra Maria dos Santos. Moram no bairro Nacional. Ela também participa. “Olha, ele tirou cinco notas dez no primeiro bimestre, e no segundo, em todas as matérias”, orgulha-se Sandra.
Iniciado o aquecimento para o treino de terça-feira (24), Amauri autoriza Priscila, 6, a entrar na quadra. Ela é aluna do 1º ano numa escola do bairro Rio Madeira.
Sorridente, Ronice Ramos acompanha a cena. Foi ela quem trouxe a menina, filha de uma vizinha. Priscila não demonstra timidez e começa a treinar. “Não me custa nada fazer isso”, comenta Ronice, que já leva o neto Guilherme, 5, matriculado cinco meses atrás.
A exemplo de Priscila, outros novos são estimulados pelos colegas da turma de 2018, a adquirir o senso de responsabilidade e desenvolver capacitação pedagógica que precisarão no futuro, quando se formarem professores.
Com emendas ao orçamento específico dessa área, deputados os estaduais Alex Silva e Eider Brasil, e o Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia colaboraram. O Rondon Palace Hotel cedeu cortesia de hospedagem ao mestre Marcelo Rezende, que veio aplicar os exames.
O tatame de 64 metros quadrados, coletes, protetores de cabeça e outros equipamentos somam R$ 24 mil, investimento custeado pela e Superintendência Estadual da Juventude, Cultura, Esportes e Lazer (Sejucel).
A paciência do sargento Amauri só aumenta. Além da licenciatura plena em educação física, atualmente ele estuda acupuntura chinesa.
► Inscrições para o projeto Pegasus Chutando Barreiras podem ser feitas no Departamento de Extensão (Depex), no campus do Ifro Norte, na Avenida Jorge Teixeira. Sargento Amauri: telefone (69) 992198072, professor Jorge Washington (69) 984846320.
► São aceitos alunos de ambos os sexos, a partir dos cinco anos de idade, com ou sem deficiência. As aulas acontecem as terças e quintas-feiras.
► Não há cobrança de matrícula ou mensalidade. Podendo, os interessados arcarão apenas com despesas de uniforme e taxas de graduação.
TaeKwonDo [pronuncia-se tê com dô] é arte marcial de origem coreana que surgiu há aproximadamente dois mil anos.
Ela combina práticas tradicionais [técnicas básicas e de defesa pessoal, armas e toda sua filosofia enquanto arte marcial] e esportivas [treinamento voltado para competições, adotando técnicas de treinamento esportivo moderno e de alto desempenho].
Na Coreia, o Taekwondo derivou-se de uma arte marcial de defesa chamada “Subak” ou “Taekkyon”. Desenvolveu-se, sendo desenvolvido com o objetivo de oferecer caminho para o treinamento do corpo e mente, sob o nome de “Sonbae” na época onde a Coreia era composta por três reinos: Koguryo, Baek Je e Silla. Silla.
Ainda hoje existem controvérsias sobre a época exata de seu surgimento. Para Lee (1977), o Taekwondo surgiu na Coreia há aproximadamente 1300 anos. Já Kim (2000), afirma que surgiu aproximadamente há 1800 anos. Outros historiadores consideram esta arte mais antiga ainda.
Silla era o menor dos reinos, constantemente invadido e saqueado. Para se defender, o rei de Silla criou uma elite de guerreiros composta por jovens aristocratas e militares, sob o nome de “Hwa Rang”. Esses jovens guerreiros seguiam um rigoroso código de honra, no qual o respeito e a lealdade eram suas bases.
Os “Hwa Rangs”, juntamente com este código ficaram conhecidos por “Hwa Rang-Do”. Esse grupo, além dos treinos comuns para época com o uso de armas, dava ênfase também ao treinamento corpo a corpo, mental e físico. Com a ajuda dos “Hwa Rang-Do”, Silla se tornou o reino mais forte e conseguiu a unificação dos três reinos.
Muitos séculos se passaram e no dia 10 de agosto de 1910 a Coréia foi invadida e dominada pelo Japão; o governo colonial japonês então proibiu qualquer prática cultural coreana, não só as artes marciais como também o estudo da língua coreana, o canto, as roupas tradicionais, etc.
Durante o período da colonização japonesa, os coreanos praticaram de forma escondida essas atividades. Com a independência da Coréia em 1945, vários lideres de artes marciais queriam voltar às formas tradicionais coreanas de combate desarmado, e a partir de 1946, foram abandonando a influência do Karatê aplicada pela colonização japonesa. Tentaram então unificar as diferentes escolas de artes marciais, mas não obtiveram sucesso.
O Taekwondo só ficou conhecido com esse nome no ano de 1955, quando o General Choi Hong Hi conseguiu unificar as diversas escolas de “Taekwondo”, dando origem a International Taekwondo Federation (ITF). (Lee,1977).
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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Frank Néry
Secom - Governo de Rondônia
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