Governo de Rondônia
26/12/2024

Sustentável

Projeto estimula produção integrada do pirarucu e do açaí

19 de dezembro de 2014 | Governo do Estado de Rondônia

Um projeto inovador, que envolve a criação de peixes e a fruticultura, vem sendo realizado com sucesso no reassentamento rural Santa Rita, a 60 quilômetros de Porto Velho. O projeto-piloto foi batizado de “Piraçaí”, pois reúne a criação do pirarucu e o plantio do açaí e outras árvores frutíferas.

Criado com foco na agricultura familiar, o projeto-piloto foi iniciado há cerca de dois anos, numa iniciativa bem-sucedida entre Governo do Estado (através da Emater/Seagri), Santo Antônio Energia e produtores rurais oriundos de áreas inundadas pela hidrelétrica de Santo Antonio, no Rio Madeira.

Domingos Mendes da Silva

Domingos Mendes da Silva

O produtor Domingos Mendes da Silva foi o primeiro a aceitar o desafio de trabalhar com o projeto, que utiliza técnicas de produção inéditas no estado de Rondônia. Em lugar dos tanques escavados são utilizados tanques de lona, que ocupam pouco espaço e custam bem menos.

Além disso, por terem dimensões reduzidas, os tanques facilitam muito a despesca do pirarucu, o peixe amazônico que, por sua força e tamanho, costuma dar bastante trabalho no momento de ser retirado para o abate. Outro detalhe é que os tanques são cobertos por uma tela que reduz a incidência do sol, mantendo o ambiente em condições ideais de temperatura. 

Despesca

Os peixes já estão no ponto de abate e a primeira despesca deverá acontecer entre o final de dezembro e início de janeiro. Serão retirados cerca de 650 peixes, com duas faixas de peso médio – uma delas entre oito a dez quilos, a outra entre 15 e 20 quilos. Ao todo, são sete tanques, sendo quatro para engorda e três para recria. A meta do projeto é trabalhar a partir do próximo ano com peixes de até 12 meses de idade e 12 quilos de peso em média, gerando cerca de dez toneladas por safra.

As matrizes receberam chips eletrônicos e foram certificadas pelo Ibama, o que permitirá o fornecimento futuro de alevinos para outros criadouros, além da venda certificada de peixes para outros estados e até para fins de exportação. “A criação do pirarucu em cativeiro, com certificação pelo órgão ambiental, garante a qualidade final do produto, com tecnologia e respeito pelo meio ambiente”, diz o coordenador do projeto Piraçaí, o médico veterinário Carlindo “Maranhão”, da Seagri.

Pirarucu (6)

“Mais ainda, a certificação de procedência será importante para que a população deixe de consumir peixes capturados de forma clandestina, geralmente oriundos da Bolívia, abatidos e transportados sem nenhuma higiene”, explica o engenheiro florestal Marcos Carvalho, da Emater, que integra a equipe técnica do projeto. “Além dos danos relacionados à saúde do consumidor, os clandestinos colocam em risco uma espécie que está ameaçada de extinção”, diz.

Além da carne do pirarucu, o produtor também poderá comercializar futuramente a pele do peixe amazônico. Estudos nesse sentido já estão em fase de análise, para criação de um curtume de peixes na região, como parte da segunda etapa do projeto. Mas peixes abatidos clandestinamente não terão vez. “Somente o produtor que comprar alevinos certificados terá a garantia futura para vender a pele – que já desperta o interesse de empresários do setor de bolsas e calçados nos grandes centros do país e até do exterior”, enfatiza Carvalho. 

Fertilização

As novas técnicas de criação do pirarucu em cativeiro são integradas com a fruticultura. Toda a água fertilizada com nutrientes pelos peixes e também com as sobras de ração nos tanques é canalizada para o pomar, o que vem resultando num desenvolvimento da fruticultura na propriedade acima da média. Um bom exemplo é a produção do açaí, que vem sendo cultivado há dois anos e meio e já está rendendo frutos, quando o normal seria produzir a partir dos três anos.

Outras frutas, como goiaba, laranja, abacaxi, manga e murici, além de hortaliças, já produzem bem na pequena propriedade, cuja área de plantio hoje não ultrapassa seis hectares. Para garantir que a água conserve os nutrientes sem a presença da amônia, comum nos tanques de peixes, foram construídas pequenas represas dotadas de plantas como o aguapé, que retira a amônia e conserva os nutrientes. O aguapé, depois de triturado, pode ser utilizado como ração para galinhas e outros animais de criação. “Hoje posso dizer que minha renda melhorou bastante”, afirma Domingos, que era morador de comunidades ribeirinhas do Madeira. 

Sustentável

A poucos quilômetros dali, dentro do reassentamento Santa Rita, um segundo projeto já começa a sair do papel. Na propriedade de Francisco Ferreira Nobre, o “Ceará”, hoje são produzidas com sucesso frutas como maracujá, manga e acerola, que são vendidas “in natura” e na forma de polpas congeladas. Mas em cerca de 40 dias a propriedade também receberá seus primeiros tanques de lona para produção do pirarucu em cativeiro.

A principal novidade, neste caso, tem a ver com a sustentabilidade da produção. Parte da água utilizada virá diretamente da chuva, que será captada no telhado da residência e canalizada para os tanques. Além disso, está sendo construído um tanque para a decantação dos resíduos, feito com estrutura de pneus. A nova tecnologia barateia o custo da construção, pois necessita de apenas um quilo de cimento para cada dez quilos de areia, além de dar destinação para os pneus, que servem como base para o concreto nas bordas do tanque.


Leia Mais
Todas as Notícias

Fonte
Texto: Sandro André
Fotos: Ésio Mendes
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Agricultura, Agropecuária


Compartilhe


Pular para o conteúdo