INOVAÇÃO
23 de agosto de 2019 | Governo do Estado de Rondônia
Terminou no dia 21 o Meetup.RO, o primeiro fórum de inovação e competitividade de Rondônia. Com 12 horas de palestras e rodas de conversa, o evento trouxe para o Estado profissionais e agentes públicos que atuam na área de inovação e, com a presença do governador Marcos Rocha, foi lançado o Programa de Inovação da Superintendência de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura (Sedi), com cinco ações e projetos que pretendem movimentar o cenário de inovação e empreendedorismo do Estado.
Foi apresentada a Reinc, a Rede Estadual de Incubadoras, criada para fomentar e incentivar a criação e fortalecimento das incubadoras residentes no Estado. Uma dessas incubadoras será a Hub/RO, a primeira incubadora de empresas do Governo do Estado, um coworking público para incentivar o empreendedorismo e a incubação de empresas de base tecnológica.
Vários eventos vão ajudar a desenvolver uma cultura inovativa em Rondônia, como o Hackathon, uma maratona hacker para gerar soluções para a economia de Rondônia, a Feira Disruptiva, que irá incentivar a cultura do empreendedorismo, da economia criativa e da inovação por meio de hackathons, palestras, rodadas tecnológicas e painéis e, por fim, o Meetup.RO, que além da primeira edição em Porto Velho, irá levar para o interior os agentes que pensam a inovação, gerando soluções de emprego e renda.
Com um público composto de empresários e agentes públicos, o Meetup.RO reuniu cerca de 300 pessoas no auditório da Faculdade Sapiens, em Porto Velho. A servidora pública Marina Lans assistiu aos dois de palestra e rodas de conversa e contou sobre como a inovação está sendo implementada na Defensoria Pública.
“Ainda estamos iniciando o processo de inovação, informatizando as áreas administrativas. Temos um chat no nosso site, com um atendente humano respondendo, e isso facilita o acesso ao atendimento para quem não tem tempo ou condições de se deslocar até a defensoria.”, explica a Marina.
O Eduardo Guilherme é estudante universitário e foi ao evento buscando se conectar com o ecossistema de inovação de Rondônia. “Ideias todos têm, mas muitas vezes o desafio é colocar essa ideia em prática, e sabemos que sozinho não vamos avançar, então acho importante um evento como esse pra gente conhecer outras pessoas, e, quem sabe, juntar forças”.
O RANKING DE COMPETITIVIDADE
Um importante indicador utilizado para guiar as ações governamentais é o Ranking de Competitividade dos Estados, realizado pelo Centro de Liderança Pública (Clp). A Sedi, por meio da coordenadoria de Ciência, Tecnologia e Inovação, buscou o Clp para entender melhor o que é a competitividade e como Rondônia pode melhorar no ranking e trouxe para o Meetup.RO.
“A competitividade é a capacidade de um estado em cumprir, com mais sucesso, a sua missão de promover bem-estar social, por meio de um conjunto de fatores, instituições e políticas”, explica Lucas Cepeda, analista de mobilização do Clp.
O caso de Rondônia tem pilares de destaque e de atenção. Na segurança pública, o Estado ocupa a quinta posição no ranking nacional, com índices como o menor número de presos sem condenação. Em infraestrutura, Rondônia está em sexta colocação, e, segundo o ranking, com a melhor mobilidade urbana do país.
No entanto, há pontos de atenção. Sendo o maior emissor de gás carbônico por habitante do país, o Estado fica em penúltima colocação em sustentabilidade ambiental. Ainda mais preocupante são os pilares de capital humano e inovação, em que Rondônia amarga a última colocação entre todos os estados.
Respondendo a uma pergunta da plateia, Lucas disse que para Rondônia chegar entre os dez primeiros em competitividade, a principal lição necessária é a de continuar os programas, mesmo que mude o Governo. “Continuidade é fundamental. Em Paraíba, único estado do Nordeste entre os dez primeiros, eles fizeram um trabalho muito consistente de desdobrar as políticas públicas em cima de cada indicador, e a partir de cada um desses dados se desdobra uma ação certeira para em certa quantidade de tempo o Estado consiga melhorar suas condições”.
É por isto que o Centro de Liderança Pública enfatiza o desenvolvimento de líderes na máquina pública para melhorar a eficiência da máquina estatal. “Nosso maior sonho é um Estado que funcione, que tenha eficiência e consiga cumprir sua missão de promover o bem-estar”, afirma José Henrique Nascimento, que também palestrou no evento.
EXPERIÊNCIA DE OUTROS ESTADOS
O fórum trouxe a experiência de dois estados líderes na inovação brasileira: São Paulo e Santa Catarina, os primeiros dois colocados no Ranking de Competitividade.
O secretário de desenvolvimento sustentável de Santa Catarina, Lucas Esmeraldino, argumentou que investir em inovação precisa ser um pensamento a longo prazo. “Florianópolis foi o berço dos primeiros movimentos de inovação do país. Com o tempo, isso acabou fazendo parte da nossa cultura. Estamos colhendo hoje o que foi plantado há 10 anos, como o Acate, a Associação Catarinense de Tecnologia e o parque tecnológico Sapiens Park, referências quando falamos de inovação”.
O secretário defendeu que um ecossistema de inovação é composto de três pilares. As pessoas, com os talentos técnicos, criativos e de empreendedorismo; os recursos, composto de tecnologia, infraestrutura e capital; e a cultura, que é o relacionamento, a confiança, a colaboração e o fluxo entre os agentes de inovação.
Agliberto Chagas, diretor de inovação de uma empresa privada, contou sua experiência com a agência de desenvolvimento Inova Sorocaba e com a criação de ambientes de inovação. “É preciso levantar primeiro a visão ampla e entender que cada região tem peculiaridades. Não adianta criar uma política única e achar que vai dar certo pra todo mundo”.
Florianópolis é um exemplo da visão ampla defendida por Agliberto. Com mais de 900 empresas de tecnologia, três parques tecnológicos, seis incubadoras de empresas, quinze universidades, oito centros de tecnologia e mais de 50 milhões de investimentos diretos do Estado nos últimos 25 anos colocou a cidade como um modelo.
Marcos Sabino, o diretor executivo de um desses parques tecnológicos, o Sapiens Park, veio explicar o que seria um parque e como ele atua no ecossistema de inovação. “Um parque tecnológico é um ambiente dotado de infraestrutura e sistemas para atrair e formar talentos e empreendimentos capazes de gerar ideias e conhecimentos e transformá-los em novos produtos e serviços para a sociedade, promovendo o desenvolvimento sustentável sócio-econômico-ambiental da região”.
O papel do governo nisso tudo, segundo Agliberto, acaba sendo o de induzir o pensar inovação. Opinião compartilhada pelo diretor de inovação da Secretaria de Desenvolvimento de São Paulo, João Arthur Reis, que veio trazer as experiências do Estado líder em competitividade.
“Nós temos muitos problemas estruturais. Uma das mais importantes são as regulatórias. As universidades, por exemplo, têm medo de cooperar por insegurança jurídica”, explicou João, que incentivou uma discussão sobre o marco regulatório das startups e de licitações no setor público.
A INOVAÇÃO EM RONDÔNIA
Em Rondônia, o ecossistema de inovação começa a dar seus primeiros passos com ações como o Programa de Inovação da Sedi. Mas Edson Pontes trouxe a experiência da Tambaqui Valley, uma comunidade de inovação e startups de Porto Velho.
“Nosso maior desafio atualmente é conectar as pessoas. Fazer a conexão entre quem tem a ideia e a experiência com os desenvolvedores”. Edson também apontou que há falta de desenvolvedores no ecossistema de inovação rondoniense, e pediu para que quem tem experiência em design e desenvolvimento participe mais ativamente.
O Meetup.RO trouxe um case de sucesso estadual. Bruno Campos criou um aplicativo para facilitar o mercado imobiliário, o Casapê. “Se você pensa que uma startup vai te dar dinheiro rápido, não vai funcionar. E diferente de uma empresa tradicional, na startup você precisa botar a mão na massa, às vezes fazer até tudo sozinho”.
Essa também foi a dica de Mori Alexandre, líder de comunidade da Tambaqui Valley, que ao responder uma pergunta da plateia, falou que a melhor dica para criar seu próprio negócio é ‘meter a cara’. “Hoje em dia temos muito mais recursos, então a grande questão é se capacitar, procurar conhecimento e mentores”.
PRÓXIMOS PASSOS
O primeiro fórum de inovação e competitividade foi considerado por Thalles Gomes, coordenador de Ciência, Tecnologia e Inovação da Sedi, como um sucesso. “Estamos levando o Meetup.RO para mais 10 cidades do interior. Além do lançamento do nosso Programa de Inovação, vamos realizar outras ações como discutir mais ativamente o marco legal de startups, fomentar o ambiente de negócios, facilitar os investimentos e as compras públicas e fazer programas educacionais, junto com os órgãos competentes, para capacitar os jovens que querem inovar”.
Sérgio Gonçalves, superintendente da Sedi, apontou que a Sedi entende que existe uma latência de inovação que agora está sendo amparada. “O que nós esperamos é o envolvimento desse público jovem que tem o seu sonho e ainda não tinha esse lugar pra se reunir. Que agora ele tenha essa infraestrutura, esse apoio de equipamento e também de treinamento e mentoria em que ele possa pegar seu produto e transformar em uma empresa e consequentemente ter realização, gerar emprego e renda”.
Marcos Rocha, governador de Rondônia, falou sobre como a inovação é um pilar importante de seu governo. “Eu sempre sonhei com o desenvolvimento do nosso Estado por ações tecnológicas, por projetos tecnológicos. E tecnologia vai muito além de sistemas. Tudo aquilo que vem para mudar um paradigma, a história, tudo aquilo que a gente já tem como verdade é tecnologia”.
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Fonte
Texto: Devanil Júnior
Fotos: Ésio Mendes, Devanil Júnior, Thaíssa Brandão
Secom - Governo de Rondônia
Categorias
Economia, Evento, Tecnologia