PISCICULTURA
16 de fevereiro de 2017 | Governo do Estado de Rondônia
De um estado pouco expressivo na piscicultura, Rondônia alcançou a liderança na produção de peixe em água doce. Segundo a gerente de Pesca e Aquicultura da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Marli Lustosa, foram mais de 87 mil toneladas produzidas em 2016 e a projeção para 2017 é que chegue a 150 mil toneladas.
O que de acordo o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mantém Rondônia desde 2014 na liderança na produção de peixe em água doce no país, seguido do Paraná, com 69.2 mil toneladas; e do Mato Grosso, com 47.4 mil toneladas.
Mas o governador Confúcio Moura quer mais. ‘‘A meta é chegar a 250 mil toneladas até o final do mandato dele, em 2018’’, afirmou a gerente.
E se depender do interesse dos produtores, o setor continuará em alta no estado. ‘‘Não param de crescer as solicitações para licenciamento de novos empreendimentos da atividade de piscicultura e são os médios produtores, aqueles com área de 10 até 50 hectares, que têm demostrado maior interesse’’, disse Marli.
Para a gerente, política de incentivo do estado e o clima amazônico têm colocado a piscicultura em outro patamar em Rondônia. ‘‘O clima nos favorece muito. Além disso, criamos as espécies nativas, como tambaqui, pirarucu, jatuarana e também temos um híbrido que é o cruzamento do pintado com o cachara, chamado pintadinho da Amazônia’’, contou.
‘‘O governador Confúcio Moura desde que iniciou a gestão em 2011 deu prioridade a esta atividade. Na época que ele assumiu o primeiro mandato, disse que queria chegar a 80 mil toneladas de peixe em 2014 porque o estado em 2010 somente produzia 12 mil toneladas e tinha apenas 200 empreendimentos cadastrados e nem todos licenciados. De 2011 a 2014, o setor teve um grande salto, e chegamos a quase três mil empreendimentos licenciados e mais de 75 mil toneladas de peixe’’, lembrou.
Segundo Marli, o primeiro passo para o setor avançar é o licenciamento feito pela Sedam. E esse serviço vem sendo otimizado no estado. ‘‘Essa é uma etapa muito importante para que a atividade tenha desenvolvimento com sustentabilidade. Em 2016 o governador criou, por decreto, o Grupo Técnico Multidisciplinar da Cadeia Produtiva do Pescado, que reúne toda a equipe do governo que trabalha para o desenvolvimento da piscicultura em um mesmo espaço na Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri). Assim, o produtor terá mais facilidade para resolver alguma demanda do setor’’, considera a gerente.
Levantamentos da Sedam apontam que até 2016 Rondônia registrou 4.084 empreendimentos licenciados para a atividade de piscicultura, que ocupam uma área de 14.483,93 hectares, e possui uma produção estimada em 87.503,73 toneladas.
Em Rondônia, os municípios que concentram a maior produção de peixe são Ariquemes (12.6 mil toneladas), Cujubim (6,6 mil toneladas), Urupá (5,4 mil toneladas), Mirante da Serra (5,4 mil toneladas) e Porto Velho (5,2 mil toneladas). Ainda conforme a gerente de Pesca e Aquicultura, no estado há cerca de 15 entrepostos pesqueiros para estocagem e a comercialização dos peixes.
Para a bióloga Ilce Santos Oliveira, da Superintendência de Desenvolvimento do Estado de Rondônia (Suder), o estado sempre teve vocação para a produção de peixe, o que faltava era vontade política, o que aconteceu a partir da gestão do governador Confúcio Moura.
‘‘O incentivo desde o início foi para todos os elos da cadeia produtiva do pescado, desde a produção, sanidade, sustentabilidade e implantação de unidades processadoras. Mas o produtor de Rondônia despertou primeiramente para a engorda do pescado’’, revelou.
ESTRATÉGIAS
Segundo o titular da Suder, Basílio Leandro de Oliveira, a piscicultura já está entre as 10 principais atividades econômicas do estado e deve se destacar ainda mais nos próximos anos. Os esforços se concentram agora em garantir a sanidade dos peixes, incentivar o beneficiamento da produção e atender a novos mercados.
‘‘A cadeia produtiva do pescado tem duas pontas que são de extrema importância para o estado. Uma é a produção dos alevinos, por isso o governo tem focado muito na sanidade na produção de alevinos; e a outra ponta é justamente a industrialização, que já vem sendo incentivada há muito tempo’’, citou a bióloga, completando que esse elo industrialização/comercialização deve ser olhado com carinho pela iniciativa privada porque por parte do governo já é dada com os incentivos para que sejam implantadas essas plantas frigorificas. “Precisamos agregar valor ao nosso produto. Grande parte do nosso peixe é vendido in natura e são processados em outros estados, e estes acabam tendo muito mais lucro com o nosso produto que nós mesmos’’, avalia.
O superintendente ainda citou as ações estratégicas do governo para fortalecer a cadeia do pescado em Rondônia. ‘‘Estamos fazendo rodadas de negócios com embaixadas e empresas que têm interesse em comprar o peixe de Rondônia. Quanto à industrialização, o governo poderá entrar como parceiro de empresas para instalação de frigoríficos, que era um elo que faltava na cadeia do peixe, e também estamos trabalhando de maneira muito forte na sanidade do peixe’’, garantiu o superintendente.
Ele ainda disse que recentemente uma equipe do governo, juntamente com parceiros como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), visitaram Palmas (TO) para conhecer os estudos que a Embrapa-TO desenvolveu sobre a sanidade do peixe. ‘‘Traremos essa tecnologia que já existe lá para o nosso estado através da Embrapa de Rondônia, e faremos que chegue até os pequenos piscicultores’’, afirmou.
INDUSTRIALIZAÇÃO
Segundo a bióloga Ilce Santos Oliveira, os principais destinos da produção de peixe de Rondônia são o Distrito Federal, Goiás, Paraná, Minas Gerais, Maranhão e Piauí. Mas países vizinhos também já deram sinal verde para receber os peixes rondonienses. ‘‘O Peru, inclusive, já tem algo concretizado com um dos frigoríficos de Rondônia. E outros países africanos também demostraram interesse em adquirir o nosso pescado seco, salgado ou defumado. Temos encomenda da Nigéria, Zimbábue e Namíbia’’, revelou.
Rondônia possui dois frigoríficos de pescado com o certificado para vender para o restante do País e um deles também está apto a exportar para outros países, o que, segundo o superintendente, é feito através do beneficiamento do peixe, aproveitando o trabalho artesanal dos ribeirinhos. Os empreendimentos estão localizados nos municípios de Ariquemes e Vilhena. ‘‘Temos um terceiro frigorifico que será instalado no município de Itapuã do Oeste e que também terá o certificado para vender para o restante do País’’, disse Basílio.
Devido à grande produção no estado, um dos frigoríficos terá a capacidade de processamento ampliada. ‘‘O frigorifico de Vilhena, que visitei recentemente, tem um projeto de ampliação de duas para 10 toneladas por dia, e isso já é fruto da política do governo de desenvolvimento da piscicultura’’, comemorou Basílio Leandro.
EXPECTATIVA
A projeção para Rondônia é que nos próximos anos a piscicultura avance em diferentes frentes de módulos de produção. Além do tanque escavado e do tanque de lona, a novidade será o tanque-rede nos lagos do rio Madeira. ‘‘O estado conseguiu recentemente autorização para produção em cativeiro nos lagos de Jirau e Santo Antônio. É uma questão de tempo estarmos com parques aquícolas elevando e muito a produção. Só o Estado de Rondônia tem capacidade para produzir mais do que todos os outros estados brasileiros juntos, e nós vamos explorar isso’’, destacou o superintendente.
Ele ainda ressaltou, que o governador Confúcio Moura vem dando prioridade à piscicultura, que hoje é menor em arrecadação que o setor da pecuária, mas não há dúvida que em curto espaço de tempo mudará isso e ocupará papel de destaque na geração de riquezas para o estado.
Para a 6ª Rondônia Rural Show, que ocorrerá de 24 a 27 de maio, em Ji-Paraná, a Suder já adiantou que os produtores terão acesso a inovações e tecnologias para fomentar ainda mais a piscicultura no estado. ‘‘Teremos uma maciça presença de representantes de diversos países que têm interesse em fazer parcerias. Neste ano a novidade é o fato de o evento ser realizado em um espaço novo, de 50 hectares, e já temos confirmada a presença de uma grande empresa do setor de piscicultura que exporá novas tecnologias’’, adiantou Basílio Leandro.
Leia mais.
Rondônia participa de estudo para projeto piloto de sanidade de peixes
Dia de Mercado da Aquicultura define ações para o mercado do peixe em Rondônia
Fonte
Texto: Vanessa Moura
Fotos: Ésio Mendes e Marcelo Gladson
Secom - Governo de Rondônia
Categorias
Economia, Empresas, Governo, Piscicultura, Rondônia