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23/12/2024

SEMANA DE ENFRENTAMENTO

Terapeuta critica preconceito e enaltece trabalho de comunidades no acolhimento a dependentes químicos

29 de junho de 2017 | Governo do Estado de Rondônia

 

Guilherme Viana, terapeuta e consultor

Reconhecer o papel e reforçar a atuação de comunidades terapêuticas na acolhida e tratamento de pessoas vitimadas pela dependência química. É o que propõe o o terapeuta ocupacional e consultor da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas [Febract], Ronaldo Guilherme Vitelli Viana.

“O País vive o grande problema do internamento compulsório, e as comunidades pressupõem ambiente de liberdade”, ele disse durante a abertura da Semana de Enfrentamento  ao Uso de Álcool e Outras Drogas, no Teatro Estadual Palácio das Artes, em Porto Velho.

Viana contou que convive há mais de 30 anos, com a família, numa comunidade terapêutica em Belo Horizonte (MG), acreditando que os pacientes desse setor “escolheram estar ali”.

No comparativo com antigos manicômios que durante décadas funcionaram no Brasil, enfatizou: “Comunidades terapêuticas são ambientes revolucionários porque reformulam vidas e nelas as abstinências ocorrem voluntariamente, em ambiente facilitador”.

Viana tem queixas de “grupos organizados” do Conselho de Psicologia (CFP), aos quais atribui” persecutórias a comunidades no que diz respeito a serviços de involuntariedade.

Recentemente, o CFP e o Conselho Federal de Serviço Social visitaram algumas entidades, constatando poucos profissionais de saúde, entre eles, médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e técnicos de enfermagem e, onde estão presentes. E criticaram: “As atuações deles são submetidas a princípios religiosos e morais”. De acordo com essas entidades, “poucos se orientam pelos saberes técnico-científicos, mas, essencialmente, poucos se orientam pela ética e saber”.

Viana mencionou o exemplo da Casa Família Rosetta “pelo maravilhoso trabalho feito há 30 anos em Rondônia”. Para ele,  o preconceito contra religiosos é inaceitável e não pode prosperar.

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão [PFDC] e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura reuniram-se este mês com vistas a ação nacional para identificar eventuais práticas de tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes em algumas comunidades terapêuticas.

A ocorrência de violações de direitos humanos, com casos de desrespeito à liberdade religiosa, trabalho forçado, tortura e cárcere privado estão em debate. No entanto, Viana alertou contra a generalização: “Há locais que não deveriam obter alvarás de secretarias estaduais e municipais de saúde, nem da Anvisa”.

Procurador-geral do Ministério Público, Airton Marin

HISTÓRICO DAS DROGAS EM RONDÔNIA

Outro palestrante da abertura da Semana de Enfrentamento, o procurador-geral do Ministério Público Estadual, Airton Pedro Marin Filho, disse:  “Porto Velho sofre com a realidade pós-garimpo. Ela exige hoje total reestruturação, e ninguém a fará sozinho”.

Para o procurador, que abordou o tema O histórico das drogas em Rondônia, compete agora ao Estado minimizar os efeitos daquele período por meio de políticas públicas com prevenção e tratamento. “E não basta o dinheiro, é preciso apoiar o terceiro setor e as comunidades terapêuticas, porque fazem parte da saúde pública”.

O garimpo do rio Madeira foi fechado para atender às condicionantes da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento [Eco-92, Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro].

Nos anos 1980 Rondônia recebeu migrantes em busca do Eldorado representado pela cassiterita [minério de estanho], ouro e diamantes. Segundo Marin,  isso resultou em demandas na saúde, falta de fiscalização, estrutura de serviços públicos, educação e segurança. “O estado vivia em situação de total dependência do governo federal”, explicou.

Atualmente, das 9.023 pessoas presas recolhidas à prisão no estado, 2.441 cometeram crimes por tráfico de drogas”, disse. Lembrou que o narcotráfico internacional, “a serviço da morte”, movimenta US$ 2 trilhões por ano.

Alinhou em seguida as consequências das atividades diuturnas garimpos no rio Madeira e em minas no interior do estado: danos sociais, culturais, econômicos e ambientais irreversíveis, paralelamente à expansão desordenada, sociedade sem regras e estado paralelo. “Aumentaram os homicídios, os delitos sexuais e patrimoniais, o fomento ao comércio ilegal de armas. A evasão fiscal, a prostituição, o uso de drogas e as condições de trabalho escravo”, disse o procurador.

Cocaína, maconha e merla viraram moeda, lembrou Marin: “Era preciso sobreviver no trabalho dias e noites seguidos, a droga pagava o trabalho de muitos nas balsas e dragas”.

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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Bruno Corsino
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Assistência Social, Evento, Rondônia


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