Marechal Rondon foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo físico Albert Einstein

Rondon foi duas vezes indicado para o Prêmio Nobel da Paz,  em uma delas pelo físico Einstein

O professor de História Marco Teixeira, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), afirmou que o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon merece “muito mais que o busto de bronze que o homenageia numa praça central de Porto Velho”. “Este estado foi o palco de atuações dele”, justificou.

Teixeira lamentou situações de “desaparecimento e do precário estado de conservação dos postos telegráficos que deram origem às cidades de Vilhena, Pimenta Bueno, Ji-Paraná, Jaru e Ariquemes, à exceção de Ji-Paraná”.

Para o professor, o esforço de integração nacional e a integração das populações indígenas nacionais ao contexto da sociedade brasileira ocorreu no momento em que prevalecia a máxima de extermínio dos povos nativos por toda a América Latina.

Teixeira relatou um momento de sofrimento do militar: “Ele foi preso em 1930 ao não apoiar a Revolução deflagrada por Getúlio Vargas”. E outros de contentamento, quando Rondon reassumiu a chefia do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) em 1939: “Por sua influência foi apresentado em 1952 o plano de criação do Parque Nacional do Xingu; em 1953, sob sua inspiração, o antropólogo Darcy Ribeiro criou o Museu do Índio no Rio de Janeiro”.

Em 1925, o físico Albert Einstein o indicou ao Prêmio Nobel da Paz, através de carta. “Einstein não o encontrou pessoalmente, apenas ouvira falar dele com grande entusiasmo e assistira a um filme sobre o trabalho do explorador, geógrafo e pacificador”, contou Teixeira. Essa carta fora encontrada em 1994 em Jerusalém (Israel) pelo professor Alfredo Tiomno Tolmasquim, do Museu de Astronomia e Ciências Afins do Rio de Janeiro.

A indicação para o Nobel foi feita novamente em 1957, dessa vez pelo Explorer Club de Nova Iorque (EUA). “Porque o reconheceram como ardoroso defensor das telecomunicações, inovador das formas de registros documentais com o uso de imagens e vozes, fotografias e filmes ao longo de seus trabalhos”, assinalou o professor da Unir.

“MENOS O HOMEM, MAIS A OBRA”

Assim, conforme relatou Marco Teixeira, Rondon criou em 1912 a Secção de Cinematographia e Photographia sob a responsabilidade do então tenente Thomaz Luiz Reis. Cópia de grande parte desse rico acervo de imagens dos sertões do extremo oeste do Brasil, no início do século XX, estão disponíveis para consultas no Prédio do Relógio, sede da Superintendência Estadual de Turismo.

Rondon, com o menino parecí

Ele escreveu e pediu que se algum dia fossem falar dele no cinema, mencionassem menos o homem e mais a obra e seus objetivos patrióticos. “Que fosse um filme de utilidade pública”, dizia.

Essa obra se tornou conhecida além-fronteiras: “O nome de Rondon foi escrito em letras de ouro maciço no Livro da Sociedade de Geografia de Nova Iorque; ele foi quem penetrou mais profundamente em terras tropicais, ao lado de outros imortais, entre eles Amundsen e Peary, descobridores dos polos norte e sul, e Charcot e Byrd, exploradores que mais profundamente penetraram em terras árticas e antárticas”, destacou Teixeira.

O acampamento da Comissão Rondon nas margens do rio Juruena, em 20 de outubro de 1900 reunia um acervo de 619 quilômetros de reconhecimento de áreas. O telégrafo tinha na selva o sabor do novo. A linha telegráfica apontada pelos indígenas da Serra do Norte foi então conhecida como “Língua do Mariano”.

HOMENAGEM

Na terça-feira (5), dia em que se comemora 150 anos de marechal Rondon, o governo de Rondônia em parceira com os Correios, Porto Velho Shopping e 17ª Brigada de Infantaria e Selva realiza a abertura de uma exposição sobre Rondon e o lançamento do selo comemorativo. O evento, que será às 16h, no Porto Velho Shopping, é gratuito e aberto à população.

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