PRÉDIOS PÚBLICOS
29 de outubro de 2018 | Governo do Estado de Rondônia
Preparador físico, treinador de futebol que comandou nos anos 1970 o Flamengo Futebol e Regatas e a seleção brasileira, Cláudio Coutinho foi homenageado pelo ex-governador, coronel Jorge Teixeira de Oliveira, Teixeirão, que colocou seu nome no maior ginásio de esportes de Rondônia, em Porto Velho.
Entre o final dos anos 1970 e início dos anos 80, muitos gaúchos vieram para Amazônia. Rondônia recebeu-os na região de Vilhena. Alguns assumiram cargos públicos nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, outros abriram fazendas e empresas diversas.
Cláudio Pêcego de Moraes Coutinho nasceu em Dom Pedrito (RS), ano de 1939, mas a família levou-o ainda bebê para o Rio de Janeiro, onde celebrou grandes conquistas profissionais. Praticante de pesca submarina, ele morreu afogado nas Ilhas Cagarras [arquipélago próximo à Praia de Ipanema], em 27 de novembro de 1981.
“Na verdade, o fator determinante para dar nome ao ginásio foi o pulso dele! Bateu na mesa do Conselho Regional de Desportos (CRD) e impôs o nome”, lembra o radialista e ex-jogador de futebol e técnico Walter Santos, 75 anos. “Os gaúchos dominavam o CRD: lá estavam o Carlos Mâncio, o Danilo Pires e Mauro Tonon”, lembra-se.
Teixeirão, último governo do território e o primeiro do novo estado, também era gaúcho. Nasceu em General Câmara, de onde saiu ainda jovem. Paraquedista, formado em educação física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ali seguiu carreira militar. Visitou o Panamá e, ao retornar, criou o Comando de Guerra da Selva do Exército Brasileiro, do qual foi o primeiro instrutor, e também o Círculo Militar de Manaus. Prefeito da capital amazonense entre 1973 e 1979, chegou ao governo do extinto Território Federal de Rondônia nomeado por ato do ex-presidente João Baptista Oliveira Figueiredo.
No período de ouro das transmissões esportivas da Rádio Caiari, Walter Santos integrava a equipe, e atualmente trabalha na Rádio Transamazônia FM.
Ele conta que teve alguns “pegas” com Teixeirão, uma vez que seu nome também fora cogitado para o ginásio, devido aos seus feitos em apoio ao futebol, voleibol, handebol e basquetebol rondonienses. “Mas ele me atendia bem”, frisa.
Dia e noite dedicado ao voleibol, Walter presidiu a federação dessa modalidade durante dez anos, num período de escassez de recursos e quando dirigentes carregavam nas costas, bolas e sacos de uniformes. “Eu sempre procurava o governo para custear a viagem de nossas equipes e da seleção; eu subia e descia a escadaria em busca de passagens aéreas” – conta.
“Pô, Walter, eu te encontro no Palácio [Presidente Vargas, hoje Museu da Memória Rondoniense], na rua e no aeroporto; tô te vendo mais do que a minha mulher!” – ele me dizia.
“Quando o questionei, ele (Teixeirão) respondeu-me que a homenagem tinha alguns motivos: porque Coutinho era técnico do Flamengo, seu amigo e capitão do Exército”, lembra o jornalista Lúcio Albuquerque.
O fator rubro-negro no peso da escolha do homenageado pelo ex-governador deixa uma ponta de dúvida, pois um dia, recebendo repórteres em seu gabinete, declarou torcer pelo pequeno São Cristóvão de Futebol e Regatas.
SESSÃO SOLENE DA CONSTITUIÇÃO
O ginásio que sediou jogos escolares e amistosos com equipes nacionais e estrangeiras, também entrou para a história política de Rondônia ao ser palco da promulgação da Constituição do Estado, em seis de agosto de 1983.
A sessão solene foi ali dentro, com as presenças dos ex-ministros Ibraim Abi-Ackel (Justiça) e Mário Davi Andreazza (Interior).
Reinaugurado pelo ex-ministro do Esporte, Leonardo Picciani, em 30 de julho de 2017, com público de duas mil pessoas, o ginásio ainda ganha pequenas reformas para sediar competições de voleibol, handebol, basquetebol e futsal de porte nacional.
Com grande pompa, o ginásio sediou uma Feira Industrial prestigiada pelo ex-presidente João Figueiredo, servindo ainda para concursos públicos, posto de pagamento de funcionários do extinto Banco do Estado (Beron) e para apuração de eleições.
Seu piso é flutuante. “Havia tanto cuidado com ele, que não se andava ali dentro de sapato de sola”, comenta Lúcio Albuquerque. O prédio também foi usado como depósito da Secretaria Estadual de Educação, para eventos evangélicos e apuração de eleições, lembra. “E serviu de palco, em 1991, para a posse do primeiro governador filho da terra, o médico gastroenterologista Osvaldo Piana Filho”, acrescenta.
TRAJETÓRIA DE COUTINHO
Na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, Cláudio Coutinho foi chamado de “inventor, medroso, retranqueiro”. A torcida não o perdoava pelo terceiro lugar obtido pela seleção. Ele então declarou: “Somos os campeões morais”. Da 11ª Copa, a fase eliminatória foi disputada por 107 países.
Em outubro de 1979, o Brasil foi eliminado da Copa América pelo Paraguai, com o empate em 2×2 no Estádio Maracanã. Fim de carreira.
O livro Seleção Brasileira 90 Anos, dos autores Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf, conta que Cláudio Coutinho dirigiu o Brasil em 45 partidas com 27 vitórias, 15 empates e 3 derrotas.
Pelo Flamengo, teve 76 compromissos com 47 vitórias, 20 empates e nove derrotas. É o que revela o Almanaque do Flamengo, dos autores Clóvis Martins e Roberto Assaf
A seguir, mais dados a respeito da carreira de Cláudio Coutinho:
► Segundo conta a Wikipedia, em 1968, o capitão Cláudio Coutinho foi escolhido para representar a Escola Militar em um Congresso Mundial, nos Estados Unidos, onde conheceu o professor Kenneth Cooper, idealizador do famoso método de avaliação física que leva o seu nome.
► Convidado por Cooper, frequentou o Laboratório de Estresse Humano da NASA. Dando prosseguimento às suas experiências internacionais, defendeu tese de mestrado na Universidade de Fontainbleau, na França.
► Em 1970 foi chamado para ser preparador físico da Seleção Brasileira, tricampeã mundial na Copa do Mundo de 1970, no México. Nos treinamentos, passou a trabalhar com o Cooper, e a partir daí ficou conhecido por sua introdução no Brasil.
► Após a competição, trabalhou como supervisor na Seleção Peruana de Futebol, no Vasco da Gama, como coordenador técnico do Brasil na Copa do Mundo de 1974, e como preparador físico do Olympique de Marseille, da França.
► Desempenhou os cargos de preparador físico e supervisor da Seleção Brasileira Olímpica, assumiu também o cargo de treinador em 8 de julho de 1976, poucas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos de Verão de 1976, em Montreal, com a demissão de Zizinho. A seleção obteria o quarto lugar.
► Estreou como treinador do Flamengo em 12 de setembro de 1976, substituindo Carlos Froner. Neste dia, a equipe venceu o Sport por 3 a 0, no Maracanã.
► Com seu histórico dentro da antiga Confederação Brasileira de Desportos, credenciaram Coutinho para ser o substituto de Osvaldo Brandão dentro da Seleção Brasileira, então postulante a uma vaga na Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Anunciada em 27 de fevereiro de 1977, a escolha de seu nome causou surpresa, já que era considerado pouco experiente para o cargo. Logo que assumiu o comando, Coutinho tratou de adotar sua filosofia própria.
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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Ésio Mendes, Acervo Esron Menezes e Manchete Esportiva
Secom - Governo de Rondônia
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