08 de maio de 2014 | Governo do Estado de Rondônia
Durante o período da enchente na bacia hidrográfica que forma o rio Madeira, a população de Guajará-Mirim, Nova Mamoré e Nova Dimensão, ficaram isolados por via terrestre, isso porque na BR-425, na travessia do igarapé Periquitos, no Araras, a ponte sobre o rio e parte da estrada ficaram submersas, a BR-364 alagada em vários pontos impedia a travessia por União Bandeirantes. Com este cenário, a reabertura da estrada parque foi a solução encontrada para enfrentar o isolamento.
Um trecho de 11,5 km entre Jacinópolis e Nova Dimensão, que passa no Parque de Guajará-Mirim, sofre com uma Ação Civil Pública desde 1995 que tramita na Justiça Federal, proibindo a estrada neste parque. Esta Ação está com recurso no Tribunal Regional Federal.
O Ministério Público Federal (MPF) entrou com Ação Cautelar Inominada, tendo o presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) deferido, em caráter de plantão, que o estado se abstivesse de abrir a estrada parque, baseado na decisão de 2003.
O Estado de Rondônia, através da sua procuradoria geral, entrou então com um agravo regimental contra a decisão do presidente do TRF, Mario Cesar Ribeiro, tendo o desembargador Kassio Nunes Marques, acatado o recurso interposto. “Com isso ele revogou a decisão concessiva de liminar”, informou o procurador geral do estado, Juraci Jorge da Silva.
Trecho do despacho do desembargador kassio: “ sem embargo do que fora dito, não consigo vislumbrar malefícios em permitir o prolongamento em caráter emergencial e provisório da RO-420 por 11,5km por dentro do Parque de Guajará-Mirim, com o escopo de salvaguardar o acesso às comunidades ilhadas nos municípios circunvizinhos em decorrência da elevação extraordinária e cediça do nível das águas do rio Madeira, que possam se projetar sobre os benefícios que se proporcionará aos munícipes destas urbes com o acesso a alimentos, medicamentos e assistência social, cujas vidas são o maior patrimônio a ser preservado no atual sistema de proteção ambiental brasileiro.
Após esta decisão revogando a liminar, explicou Juraci, o MPF entrou com agravo regimental em cima da decisão da câmara colegiada, que provocou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que forçasse a colocação do recurso em pauta. Com a entrada em votação, “a PGE conseguiu subsidiar os desembargadores com farto material com fotos e relatórios, explicando a questão”.
Os desembargadores da 6ª câmara acabaram julgando improcedente a liminar que proibia o estado em realizar a obra. Com isso, ratificou a decisão na concessão de abertura da estrada parque. Segundo o procurador geral, o relator geral elogiou o trabalho do estado que embasou o trabalho dos desembargadores, devido o farto material comprobatório, que “deu elementos robustos para a decisão do órgão colegiado”.
Situação da estrada
Na entrada da estrada parque, para quem vem de Nova Dimensão, há um posto da Sedam onde o senhor Leão, servidor do órgão, cuida da base na entrada do parque. Segundo ele, a secretaria tem mantido vigilância permanente pois a estrada passa em um parque de reserva estadual.
Ao entrar no parque percebe-se que a estrada, apesar de ainda não estar totalmente concluída, encontra boa trafegabilidade ao longo dos seus 11,5 km de extensão, tendo hoje, poucos pontos em que um carro pequeno, de passeio, possa atolar em caso de chuva.
A reportagem cruzou a estrada após dois dias sem chuva na região. O chão estava praticamente seco e o que se viu foram funcionários da empresa contratada pelo Departamento Estadual de Estradas e Rodagem, DER, trabalhando para manter a trafegabilidade no local.
Estão sendo construídas três pontes ao longo do trecho. Uma de cerca de 60 metros de extensão sobre o rio Formoso; outra no rio Vertente de 30 metros e a que já estava em fase de conclusão sobre o rio Oriente com cerca de 30 metros, que segundo o encarregado, senhor Reginaldo, “mais três dias a gente termina”.
Ao longo da via encontramos também o servidor do DER Dantas, que estava realizando reparos na estrada com uma máquina e informou que fica vigilante caso algum caminhão precise de auxílio para poder subir nas ladeiras que existem.
“Ontem mesmo ajudei dois caminhões do irmãos Gonçalves a passar, pois eles não eram ‘trucados’” e informou que nesta semana o DER enviaria máquinas patrol e niveladoras para realizar o acabamento na estrada para não acumular água no meio da pista.
Segundo ele, esta máquina também irá fazer um desgaste nas partes mais altas, “desgastando o nível das fortes subidas, melhorando o acesso”. Além disso, será jogado cascalho nas partes mais críticas da estrada.
Pós Enchente
Após passar o período da enchente, que segundo o procurador geral do estado, Juraci Jorge da Silva, deverá ser no mês de junho, o estado irá regularizar a Lei que criou o parque, onde nela constam as regras para manutenção e preservação do parque. “Há um estudo da Sedam que será entregue em breve para que se cumpra os objetivos de trafegabilidade da estrada”.
As enchentes e as usinas
Durante a realização desta série de reportagens sobre a situação do estado no pós-enchente, nos deparamos com muita tristeza, destruição e a mostra de que a natureza é muito mais forte do que se imagina.
Casas soterradas pela lama do rio Madeira, plantações e criações completamente destruídas, estradas que precisam ser repensadas em seus trajetos, ter seu leito elevado, além de pontes e as casas de ribeirinhos ou não que precisam ou ser reconstruídas ou deslocados para outras regiões.
No entanto, algo recorrente chamou a atenção da reportagem. Moradores acusam as usinas hidrelétricas pelo ocorrido, afinal, a enchente ocorreu após a construção das mesmas. Uma moradora de Abunã chegou a dizer que o rio, depois delas, não corre mais livremente. Outro ponto observado, é a grande oscilação do nível das águas dentro do mesmo dia e que poderia estar ocorrendo um represamento da água.
Questionado em relação a estes fatos, a assessoria de comunicação da Santo Antonio Energia (SAE) informou que “não existe represamento de água. As usinas do Madeira operam à fio d’água, ou seja, toda a água que chega na barragem, passa por ela e segue seu curso natural.”
Sobre o nível do rio disseram na nota que “o nível do rio ainda está alto, pois continuou a chover na bacia hidrográfica formadora do rio Madeira. A vazão atual independe da operação das usinas e reflete as chuvas que ocorreram dias atrás. Segundo especialistas, a normalização do nível dos rios Mamoré e Madre de Dios, que influenciam diretamente a vazão e o nível do rio Madeira, pode demorar de 2 a 3 meses”.
Sobre a oscilação constante durante o dia a SAE informou que “este controle não ocorre porque a usina opera à fio d’água, ou seja, sem armazenar água. O volume de água abaixo da barragem é o mesmo que passa pelas turbinas e pelo vertedouros, que corresponde à mesma quantidade de água que estava acima da barragem”.
A assessoria informou também que a geração comercial de energia foi retomada no dia 25 de abril e hoje está com 15 turbinas em operação. “As demais devem entrar em funcionamento no decorrer do mês de maio”.
Fonte
Texto: Geovani Berno
Fotos: Ésio Mendes
Secom - Governo de Rondônia
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Obras, Rondônia, Trânsito, Transporte