AMAZÔNIA OCIDENTAL
28 de janeiro de 2015 | Governo do Estado de Rondônia
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) tem indicativos de que a cheia histórica do ano passado não se repetirá agora na mesma proporção em Rondônia. Aponta como fatores a baixa intensidade de chuvas na bacia do rio Guaporé e as condições oceânicas diferentes ocorridas recentemente no Oceano Pacífico, em comparação com o mesmo período de 2014.
A coordenadora de Operações do Centro Regional do Sipam em Porto Velho, cientista Ana
Cristina Strava Corrêa, admitiu terça-feira (26) a possibilidade de nova enchente do rio
Madeira, porém, sem os mesmos prejuízos do ano passado que atingiu a marca de 19,74 m,
deixou cerca de 2 mil desabrigados, inundou vários trechos da BR-364 e submeteu o Acre a um
dos maiores racionamentos de gêneros alimentícios, combustível e remédios.
Na segunda-feira (25) geólogos da CPRM e especialistas do consórcio construtor da Usina de
Jirau viajaram para as regiões do rio Abunã, e municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim, para pesquisar o volume de sedimentos despejados nas bacias hidrográficas do Beni, Madeira e Guaporé, após a cheia de 2014.
As análises são qualitativas e feitas com base na ocorrência de chuvas e outros fenômenos naturais ocorridos no Oceano Pacífico e bacias dos rios Madre De Dios (Peru) e Beni (Bolívia) que desaguam a 80 quilômetros da fronteira brasileira. O Sipam não dispõe de modelo hidrológico que torne possível projeções sobre enchentes para dois e três meses.
Análise das chuvas
O monitoramento é feito todos os dias e dá noção do que pode acontecer na Estação Meteorológica de Porto Velho nos dias subsequentes ao registro de ocorrência de 24 horas de
chuva concentrada em qualquer uma das regiões analisadas. “O melhor que temos que fazer
agora é acompanhar as chuvas, pois a precipitação do volume neste ano indica que
se alcançou a mesma cota de meados de janeiro do ano passado”.
No entanto, Ana Cristina admite não haver motivos para alardes com relação à previsão da
nova cheia no rio Madeira. Boletins emitidos pelas Estações Meteorológicas de Guajará-
Mirim e Porto Velho indicam que o volume de chuvas se igualou ao do ano passado na região
do Beni, onde nasce o rio Madeira, mas a cota tem oscilado com indicadores de cheia e
vazante com média de 30 cm.
Na bacia do rio Guaporé o volume de chuvas é menor como demonstram boletins emitidos
pela Estação Meteorológica de Guajará-Mirim, responsável pelo monitoramento do volume de
chuvas nos dois rios, e reforça a tese de que não há como se afirmar que o fenômeno da cheia
do ano passado se repetirá.
Informes a cada 15 minutos
A estação, em funcionamento na área do 6º Batalhão de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro em Guajará-Mirim, é uma das dez mantidas pela Secretaria do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) no Estado, via pareceria técnica com a Agência Nacional de Águas (ANA) e Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM).
As unidades atuam emitindo informações meteorológicas sobre chuvas e níveis de enchente e vazante dos rios, de 15 em 15 minutos.
Ana Cristina ressalta a importância para que se redobre a atenção e o monitoramento das
chuvas. Como chove menos este ano na bacia do rio Guaporé e na bacia do rio Madre De Dios,
que na cheia do ano passado contribuíram muito para o aumento da vazão do rio Madeira,
estimada em 32 mil metros cúbicos por segundo, os estudos mostram que não haverá este ano uma enchente com as mesmas proporções do ano passado.
BOM DIA RONDÔNIA (REDE AMAZÔNICA DE TELEVISÃO), EM 29/1/2015
“Alerta vermelho”
A probabilidade de uma nova cheia com as características da histórica de 2014, na bacia do rio Madeira é mínima, segundo o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Lioberto Caetano, do Corpo de Bombeiros Militar. Ele se baseia em estudos científicos que preveem novo desastre natural somente no prazo de 86 anos.
O aumento do volume de chuvas no rio Mamoré e o represamento refletido pela elevação do
reservatório, principalmente da Hidrelétrica de Jirau, são fatores que estão contribuindo para que o nível do rio Abunã se mantenha acima da cota histórica. Nos últimos dias atingiu o sinal de alerta máximo, dia 26 de janeiro último, equivalente à média de 21,05 m contra os 19,04 m do ano passado.
Os dois fatores conjugados elevaram o nível do rio Madeira nos pontos mais baixos da BR-364 de 1,50 m para 0,80 cm inicialmente e na terça-feira (26) para 0,55 cm. De acordo com a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil compete ANA autorizar à Usina de Jirau a abertura das comportas, para que o nível do rio seja restabelecido o mais rápido possível.
Com base em estudos qualitativos, o coronel Caetano classifica a subida do nível do rio de média artificial, pois bastaria a abertura das comportar da Usina de Jirau para que o volume d’água baixasse 0,50 cm e o rio Abunã saísse do “alerta vermelho”. Em nível nacional, o cenário é de baixa oferta com reativação do sistema termoelétrico e importação de energia do Paraguai e Argentina. É possível que esse cenário influencie na demora de decisões do próprio Operador Nacional de Sistemas (ONS), que gera os sistemas interligados nacionais de distribuição de energia elétrica.
Geólogos do Sipam discordam das afirmações de ribeirinhos, afirmando que a cota do rio Madeira se mantém acima das previsões por causa do assoreamento provocado pela enchente do ano passado. Especialistas explicaram que nestes casos, o fenômeno ocorre nos pontos de planícies onde a correnteza do rio é menor, mas nunca no canal navegável da hidrovia, por exemplo.
ENTENDA O MONITORAMENTO DAS ÁGUAS
❶ Boletins são distribuídos ao Sipam, Defesa Civil e outros usuários.
❷ Segundo o coordenador da Sala de Situação da Sedam, engenheiro agrônomo Miguel Penha, as estações são programadas para funcionar nos 365 dias do ano. É assim nas
três estações de monitoramento instaladas no rio Madeira, uma na ponte em Porto Velho,
outra no rio Abunã, antes da balsa, e Morada Nova no distrito de Fortaleza do
Abunã.
❸ Outras estações mantidas pelo governo estadual funcionam no rio Jamari em Ariquemes,
duas no rio Jaru – ponte e Jaruaru -, uma na ponte do rio Machado em Ji-Paraná, Flor do
Campo no rio Melgaço em Pimenta Bueno, Príncipe da Beira em Costa Marques e a mais
recente inaugurada em 2014, na ponte do rio Jamari.
❹ Segundo Penha, o Ministério Público solicitou no início do ano a Sedam, a montagem de outra estação para monitorar o volume dos rios da região de Cacoal.
Fonte
Texto: Abdoral Cardoso
Fotos: Agência Brasil, Bruno Corsino e Faces da Educação Ribeirinha
Secom - Governo de Rondônia
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