INOVAÇÃO NAS ESCOLAS
15 de outubro de 2015 | Governo do Estado de Rondônia
Alunos das Escolas Rio Branco, no bairro Nossa Senhora das Graças; e São Luiz, no JK II, em Porto Velho, vendem a R$ 2 o litro de sua produção de sabão em pedra, líquido e gel, na própria sede da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
A atividade faz parte da iniciação científica, um dos eixos da reestruturação dos currículos do Ensino Médio. Ao mesmo tempo é a marca da oportunidade dada a quem sabe e quer fazer. A Escola 4 de Janeiro também vem se destacando nisso.
Possivelmente, educadores de Rondônia se lembrarão dessa e de outras experiências científicas, culturais e artísticas, durante o 2º Seminário Estadual de Educação Integral, que acontecerá de 19 a 21 deste mês, no Rondon Palace Hotel. Os frutos da criatividade dos alunos matriculados no Projeto Guaporé serão lembrados por executores de programas e respectivas assessorias. “Aceitamos o desafio e daremos um salto de qualidade se consolidarmos a busca de parcerias fora do ambiente escolar”, afirmou a subgerente do Ensino Integral, professora Josélia Ferreira da Silva.
O que fazem os estudantes do Projeto Guaporé? Em plena temporada seca, com incêndios e queimadas por toda parte, turmas da Escola Rio Branco visitaram as margens do rio Madeira, em Porto Velho. Em Itapuã do Oeste, ex-sede de grandes projetos de empresas mineradoras multinacionais, a 113 quilômetros de Porto Velho, alunos de violão alegraram o ambiente da Escola Paulo Freire.
Judô e taekwondo reanimaram a Escola Flora Calheiros, em Porto Velho. No Bairro 4 de Janeiro, estudantes formaram um círculo e se deitaram, enfatizando a importância de um cuidar melhor do outro. Nessa mesma escola, meninos fazem equilibrismo, malabarismo com bolas e bastões.
O otimismo de Josélia tem respaldo: a Seduc trará para especialistas da Fundação Itaú. Eles difundirão experiências de sucesso em outras regiões brasileiras. A essa parceria soma-se o apoio da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
A secretária estadual da Educação, Fátima Gavioli, determinou a uma equipe técnica o levantamento das demandas de cada estabelecimento escolar de Porto Velho e do interior do estado. E a chamada para a clientela de 2016 começará ainda neste mês.
ALÉM DA SALA DE AULA
De acordo com a Seduc, até o próximo ano funcionará o Comitê Gestor da Educação Integral, que se articulará em rede de parcerias com o Ministério Público do Trabalho, Sistema S, organizações não governamentais, Secretarias da Juventude, Esportes e Cultura (Sejucel), Assistência e Desenvolvimento Social (Seas) e da Saúde (Sesau), clubes, igrejas e entidades sem fins lucrativos.
Paralelamente à oferta de oportunidades aos alunos que não mais se limitarão ao espaço geográfico das escolas que frequentam, a Seduc adequará ambientes e construirá outros. “Pretendemos ir além do estágio, e o comitê possibilitará esse avanço”, assinalou Josélia Ferreira.
Segundo o censo de 2014, o Projeto Guaporé atende a 14,6 mil alunos de 19 escolas [cinco na Capital] em 13 municípios, informa Josélia Ferreira.
Já o Programa Mais Educação, criado em 2008, funciona em 238 escolas com 48 mil alunos do Ensino Fundamental, em 46 municípios rondonienses. Dois anos depois de lançado e rejeitado no governo anterior, em 2011 o Programa de Ensino Médio Inovador (Proemi) ganhou a adesão de Rondônia, conforme a coordenadora, Valdecira Diniz.
De lá para cá se cadastraram 93 escolas, em 45 municípios. Sete horas de atividades diárias resultam em 4.320h em três anos. “Graças aos chamados macrocampos”, explica Valdecira, adiantando que hoje se pretende inovar, “e o caso das escolas São Luiz e Rio Branco é exemplar”, complementa referindo-se à experiência do sabão.
Esses números podem crescer em 2016. Espera-se que o seminário dê resposta positiva, acreditam seus organizadores.
Macrocampos obrigatórios: acompanhamento pedagógico, leitura, reforço, letramento, iniciação científica e pesquisa (experimentos em laboratórios de ciência).
Optativos: línguas estrangeiras, cultura corporal, produção e fluição das artes, comunicação, cultura digital, uso de mídias e participação estudantil (em grêmios e outros grupos).
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS, RIOS,
PRAÇAS, MUSEUS…
A amplitude geográfica projetada pela Subgerência de Ensino Integral significa mobilizar estudantes para que saiam da sala de aula e visitem assiduamente praças, pontos turísticos, museus, margens assoreadas do rio Madeira e de afluentes, sítios arqueológicos, entre outros locais.
Na visão de Josélia da Silva, dentro dos princípios da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a proposta do Projeto Guaporé, eles poderão adquirir em tempo hábil a consciência da cidadania, e de todos os aspectos socioeconômicos, culturais, políticos e éticos.
“É o despertar para aquilo que sonhamos de melhor, porque o estudante se tornará uma pessoa responsável pela garantia de seus direitos e deveres”, ela prevê.
BRASIL QUER, RONDÔNIA FAZ
Tudo começou com grande fôlego no início de 2012: direções e professores de escolas de Ariquemes, Buritis, Cacoal, Espigão do Oeste, Guajará-Mirim, Jaru, Nova Mamoré, Ji-Paraná, Ouro Preto do Oeste e Porto Velho receberam notebooks, lousas digitais interativas, projetor de multimídia interativo, ônibus, carros, complementação da alimentação escolar, mobílias, equipamentos para salas de aula e bibliotecas.
Alimentação também não faltou. Alunos do Projeto Guaporé entram na escola às 7h30 e saem às 15h30; quem frequenta o período da tarde permanece das 9h30 às 17h15. Assim, todos almoçam, lancham, trocam de roupa e ingressam e participam de outras atividades.
Em 2013, elo menos 90% da população brasileira considerou bom o sistema de educação integral. As restrições ocorreram entre pessoas que não dependem de escolas públicas, geralmente pertencentes às classes A e B.
Pesquisa feita numa parceria da Fundação Itaú Social e Instituto DataFolha (mencionada em reportagem na revista “Carta Capital”) entrevistou pessoas em 132 municípios de regiões diferentes; apenas 10% deles não aceitavam o projeto e, desses, 3% afirmavam que a criança deveria passar parte desse tempo com a família.
Outros 4% acreditavam que ficar um período maior que quatro horas na escola é cansativo e resultaria em falta de empenho de crianças e jovens. Uma parcela de 2% dos entrevistados dizia temer pelo baixo nível do ensino.
A gerente de pesquisa de mercado do Instituto Datafolha, Marlene Treuk, alertava: “Os filhos de brasileiros das classes A e B já estão fazendo atividades extras e diversos cursos; já as classes C e D estão, em geral, na escola pública, e não têm acesso a isso”.
Apesar de representarem parcela menor do universo de 2.060 entrevistados, os 206 que não viam a educação integral como necessária forneceram pistas sobre como esse modelo pode ser aplicado, a fim de possibilitar bons resultados: melhor capacitação, inserção no mercado de trabalho e, em longo prazo, um instrumento de redução da desigualdade social. “São minorias que podem nos dar informações preciosas sobre como devemos fazer”, explicava Patrícia Mota Guedes, especialista em educação integral e gerente da Fundação Itaú Social.
Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Arquivo Assessoria Seduc
Secom - Governo de Rondônia
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