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Resíduos Sólidos

Catadores relatam experiências nos lixões

14 de novembro de 2014 | Governo do Estado de Rondônia

 

Catadores (11)Na manhã desta sexta-feira (14) um grupo de catadores participantes do Seminário Pró-Catador  apresentou a realidade da classe em alguns municípios. O seminário teve início na quinta-feira com a participação de membros do poder público estadual, municipal e federal, além da sociedade civil, estudantes e catadores de todo o Estado. O objetivo do seminário é traçar um diagnóstico da situação real  dos catadores de materiais recicláveis.

Segundo os organizadores, representantes de 14 municípios participam do encontro. Em Candeias do Jamari o lixão foi fechado e desde então 10 famílias estão sem renda. O secretário municipal de Serviços Públicos, Francisco Nonato Filho, pediu ajuda aos representantes dos órgãos participantes do evento, alegando que o município não tem respaldo para manter as famílias.

Maria da Conceição Castro, uma das catadoras de Candeias, relatou que desde  que o lixão foi fechado,  todo resíduo da localidade está sendo destinado à  Porto Velho,  impossibilitando a coleta e comercialização em Candeias.

Em Ariquemes, os catadores ocupam um galpão, mas estão na eminência de serem despejados. A insegurança fez com que a maioria debandasse. O sonho da categoria é retomar a luta, e reconquistar a condição de cooperativa mais atuante do município.

Na capital catadores independentes clamam por mais atenção das autoridades para a Vila Princesa, onde está instalado o lixão, que segundo catadores está  lotada de atravessadores, o que causa uma desvalorização na hora de comercializar o material. A Catanorte, cooperativa que agrega os catadores de Porto Velho, recolhe impostos em todas as vendas que faz dos materiais recebidos dos catadores, mas não vê o mesmo tratamento para os atravessadores. Segundo Tony dos Santos, presidente da entidade esse ponto é um dos que precisa ser visto pelas autoridades.

Sr. Geraldo preside uma associação de catadores em Porto Velho

Sr. Geraldo preside uma associação de catadores em Porto Velho

Cibele Landvar, filha de catador está há 18 anos trabalhando na mesma função. Ela destacou que a realidade do profissional é muito pior do que se pode descrever. Lembrou que o pai morreu no lixão vítima de atropelamento por uma máquina pesada; ela mesma já sofreu acidente com seringa de material hospitalar no lixão geral de Guajará Mirim, onde  tem vivido por toda  sua existência e já viu pelo menos três amigos em situação bem difícil pela falta de condições a que os trabalhadores estão expostos nestes locais. A Associação Nova Vida, que congrega os catadores,  ocupa um espaço então cedido pelo ex-bispo de Guajará Mirim, dom Geraldo Verdier, mas que está correndo risco de ser despejada, já que o local é patrimônio particular  de herdeiros.

Segundo ela, foi o bispo inclusive que ajudou na formação da Associação, que só tinha seis membros, quando a cidade tinha um número muito maior de catadores. “O pessoal não aceitava ser chamado de catador, porque tinha medo e vergonha, mas o Bispo ajudou muito até que conseguiu convencer a maioria a assumir esta condição”. A entidade conta hoje com 40 associados, mas chegou a ter 50 pessoas no seu quadro.

Em Rolim de Moura a Cooperativa teve problemas desde a sua formação. De acordo com Claudio Silva, que esteve no evento representando os trabalhadores, a primeira diretoria da entidade foi assumida por pessoas que não tinham nenhuma identidade com os catadores, o que está impedindo a entidade de crescer. “São 25 pessoas que trabalham conosco, das quais treze são mulheres, e como em muitos locais, temos também a temida presença do atravessador ”.

Cacoal trabalha com aterro sanitário, mas os catadores reclamam da distância, 19 quilômetros de distância da cidade, para ter acesso os trabalhadores dependem do transporte cedido pelo poder público e têm dificuldade de comercializar os produtos. Reclamam também da falta de estrutura como fornecimento de água, energia e um vestiário com banheiros. A cooperativa está sendo abandonada, de 40 catadores antes do aterro, hoje só tem onze.

Presidente da Coocamarji, Celso Moulas,

Ji-Paraná  se tornou  o sonho de cooperativa  de todos os catadores presentes no seminário.  O presidente da Coocamarji, Celso Moulas, destacou o bom relacionamento da instituição com o poder público e com a sociedade. “Tudo que precisamos a Prefeitura e a Câmara nos ajuda e os moradores da cidade já deixam os lixos separados”, salientou. Ainda segundo ele, a cooperativa foi escolhida por uma empresa espanhola que está atuando no setor de transmissão elétrica no município  e  tem destinado recursos e serviços para a Coocamarji. “Além disso atuamos ao lado do Juizado Especial e da Promotoria”. Eles se preparam para construir um centro de reciclagem e já sonham com a implantação de uma indústria em Ji-Paraná.

O seminário termina hoje a tarde, com a discussão de propostas de inclusão das associações e cooperativas de catadores dos lixões nas políticas públicas estaduais e municipais.

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Fonte
Texto: Alice Thomaz
Fotos: Esio Mendes
Secom - Governo de Rondônia

Categorias
Assistência Social, Economia, Inclusão Social, Indústria, Infraestrutura, Meio Ambiente, Servidores, Sociedade


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