Socioeducadores são capacitados para melhor atendimento educacional a adolescentes internos

Dança, música e poema foram apresentados pelos socioedcuandos com a participação de socioeducadores

A equipe de ensino socioeducativo do Estado de Rondônia participou de uma capacitação oferecida pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para melhorar o desempenho do ensino aos adolescentes das unidades socioeducativas. A parceria com a Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) atende a 189 socioeducandos de 11 municípios. Oito adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em Porto Velho participaram da programação de abertura do curso de Políticas Públicas no Contexto Escolar Socioeducativo.

A realização da Coordenação Socioeducativa é uma ação prevista no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), que garante a educação básica, com atenção e metodologia diferenciadas aos socioeducandos. Pelo menos 100 professores que atuam em 11 municípios dentro das unidades vão trabalhar com formas diferenciadas de atendimento ao adolescente. “Vão transformar esse espaço que eles [adolescentes] vivem em um espaço de convivência melhor, com a oportunidade de adquirir conhecimento”, mencionou Luciane Lina, representante do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Dentro do programa de ações desenvolvidas pela Seduc para atendimento ao adolescente, a equipe multidisciplinar da coordenação acompanha os adolescentes com idade menor e maior que 15 anos. Para aquele com menos de 15 anos, o acompanhamento é diferenciado, onde é verificado o histórico junto à escola em que está matriculado para a continuidade dos estudos dentro da unidade socioeducativa. “O professor verifica o planejamento da semana com a escola e aplica com ele, arquivando na sua ficha pessoal, e depois anexando à ficha da escola. Para quando ele sair da unidade, poder retornar ao estudo sem prejuízo”, explicou Maria de Lurdes Nascimento, técnica pedagógica do EJA.

Antônio Francisco Gomes, gerente do Sistema Socioeducativo, representou a Sejus durante o curso

Muitos adolescentes que chegam às unidades socioeducativas estão com os estudos atrasados. Para o gerente do Sistema Socioeducativo, Antônio Francisco Gomes, o curso oferece o fortalecimento à educação, com motivação aos professores e aos socioeducandos. “Os adolescentes necessitam de cada um de nós que contribuímos como referencial, com a postura e forma de tratar o adolescente com educação, inclusive aos servidores. No processo socioeducativo, todos têm importância, o conjunto de valores traz um resultado positivo no tão almejado processo socioeducativo”, acrescentou o gerente, que representou a Sejus.

Os socioeducandos com mais de 15 anos frequentam as aulas dentro da unidade, com o ensino modular, compreendido pela EJA. O curso modular é realizado com oferta de duas disciplinas por período para melhor aproveitamento e atenção ao estudo do adolescente.

A metodologia adotada pela equipe de professores, coordenadores e supervisores do EJA, atua com procedimentos pedagógicos diferenciados para aperfeiçoar o atendimento ao socioeducando. Um dos projetos é a utilização do jogo de xadrez, processo interdisciplinar, para ensinar geografia, matemática, língua portuguesa e ética, trabalhando com o respeito mútuo e o desenvolvimento de habilidades, como a atenção e concentração, julgamento e planejamento, imaginação e previsão, memória, vontade de vencer, paciência, autocontrole, espírito de decisão e coragem, criatividade e inteligência.

A formação para a equipe de ensino socioeducativo permitiu a troca de experiências entre os profissionais, com apresentação de resultados baseados em projetos que obtiveram êxito com os socioeducandos. Durante o curso, as oficinas proporcionaram o aperfeiçoamento na prática à utilização de jogos na aprendizagem, leitura, interpretação e escrita, leitura e interpretação de gráficos geoestáticos. “Nossas crianças em regimento de penalidade precisam dessa atenção, e os professores precisam da capacitação e melhorar a prática, resolvendo a problemática no ensino. Muitos meninos têm dificuldades de ler e interpretar, essa metodologia vai melhorar”, disse Lindomar Maia Pereira, responsável pela educação no sistema prisional, membro da equipe do EJA.

Oito socioeducandos participaram com a apresentação de música, dança e poemas. Envolvidos também em atividades recreativas, esportivas e laborais, os adolescentes enxergam a melhor perspectiva de vida, conseguem sonhar novamente com o futuro. “Meu sonho é estudar para ser um advogado”, falou um dos rapazes.

Outro adolescente, de 17 anos, após uma apresentação de dança, discursou sobre o valor do respeito e da oportunidade de estudo. “Quem faz as pessoas somos nós. Se eu sou mau aluno, o professor vai ser um mau professor. Existem pessoas que se importam com a gente, que se preocupam com a nossa educação. Depende de nós aceitarmos a oportunidade”.