Situação de vulnerabilidade dos índios Cinta Larga é apresentada para comunidade internacional

Com o objetivo de levar ao conhecimento de instituições  de diversos segmentos nacionais e internacionais,  e ampliar parcerias na luta para tentar assegurar os direitos humanos fundamentais e evitar  a extinção silenciosa da etnia do povo indígena Cinta Larga, o procurador da República, Reginaldo Trindade, fez uma palestra nesta quarta-feira (15), na embaixada da Polônia, em Brasília.

Em palestra de 2h Reginaldo Trindade falou sobre a situação dos Cinta Larga no estado

Durante 2h, Reginaldo Trindade expôs a situação do povo Cinta Larga, respondeu perguntas e pediu apoio na causa. Segundo ele, esta etnia de aproximadamente dois mil integrantes, habita quatro terras indígenas demarcadas, localizadas nos Estados de Rondônia e Mato Grosso, e há alguns anos sofre por conta da exploração de diamantes em suas terras,  que já vitimou dezenas de pessoas, e que está a caminho da extinção.

Trindade destacou a ineficiência do poder público para afastar os índios da situação que se encontram há anos marginalizados em suas próprias terras, do assedio ao crime organizado e até de prostituição.

No entanto, o procurador afirma que há atividades exitosas nos últimos anos, como a  carta dos parlamentares em apoio à luta do povo cinta larga, da Caravana da Esperança que ocorreu em outubro do ano passado,  e agora a intenção é buscar o apoio internacional para cobrar  ações mais efetivas do governo brasileiro.

Dentro das propostas defendidas pelo procurador, estão a regulamentação da mineração nas terras do povo Cinta Larga que precisa ser debatida no Congresso Nacional. Para ele, a aprovação da lei pode não resolver plenamente os problemas graves,  mas que evita invasões, desmatamento, roubo de madeira e atentados culturais. Ele explicou que até a língua materna da Nação Cinta larga, Tupi-Mondé está ameaçada. “Hoje as crianças não falam mais a língua nativa”, lamentou.

Para Reginaldo Trindade, a finalidade da reunião está plenamente dentro da proposta que é cada vez mais ampliar o leque de parcerias dentro e fora do Brasil. “A gente parte do pressuposto de quanto mais gente e mais instituições tomarem conhecimento da gravidade da questão dos Cinta Larga, mais nós teremos potenciais parceiros na nossa luta”, explicou.

Trindade finalizou sua palestra encaminhando uma publicação do Ministério Público Federal que apresenta a situação da etnia Cinta larga que traz um histórico de relatórios, recomendações e ações judiciais que o órgão vem desenvolvendo desde 2013.