Fábrica de Bolas dentro de unidade prisional é referência na ressocialização de apenados em Rondônia

O reeducando Marco Aurélio diz que a Fábrica de Bolas é uma fábrica de sonhos

Com a finalidade educativa e produtiva, foi instalada em 1999 a Fábrica de Bolas na Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro, em Porto Velho, para proporcionar o retorno ao convívio social e o desenvolvimento profissional do apenado. O convênio firmado pelo Ministério dos Esportes para financiamento do programa Pintando a Liberdade foi concluído, mas o Governo de Rondônia dá continuidade.

A condição de ressocialização permite que os participantes do programa realizem sonhos dentro da fábrica. Cleódio Batista cumpre pena na unidade e é gerente da fábrica há oito anos.  Ele é o responsável pelo ateliê de costura e serigrafia. Todas as pessoas que entram na fábrica são observadas por Cleódio, desde quando estão apenas nas celas. Ele conversa e analisa qual a vontade de mudança de cada um, e seleciona os nomes dos interessados em iniciar o processo de trabalho interno.

Cerca de 50 reeducandos que trabalham na fábrica de bolas participam de treinamentos em todas as áreas, com confecção de bolas, serigrafia de roupas e bolas e costura de camisas. São entregues kits de costura das bolas àqueles que são selecionados dentro das celas, e todos os costuradores são cadastrados para remissão de pena, onde a cada três dias de trabalho, um dia é retirado de sua condenação. Um certificado de conclusão é entregue a cada três meses para comprovação da participação do reeducando, onde são remidas 316 horas, 24 dias a menos na pena. Todo o trabalho é avaliado pelo gerente, que verifica se o material foi entregue com a quantidade determinada de bolas e com qualidade.

Cléodio cumpre pena na Ênio Pinheiro e teve a vida transformada, tornando-se gerente da Fábrica de Bolas

Assim como Cleódio, outros almejam a liberdade com consciência e boa conduta. Juscelino de Lima trabalha com costura na fábrica e admira a oportunidade que recebeu. “Temos nos qualificado, temos um andamento melhor na vida, sem ficar trancado na cela, uma oportunidade de aprender, se profissionalizar e quando sair dizer que temos uma profissão”, afirmou.

O reeducando Marco Aurélio, 39 anos, é professor do curso de serigrafia, e sonha em viver em uma sociedade que aceite a todos por igual. “Que todos olhem para nós com outros olhos. Tem pessoas que querem mudar de vida. Temos sonhos, não é somente uma fábrica de bolas, é uma fábrica de sonhos, que tem formado pessoas, caráter, prontas para a sociedade novamente”.

A política de reinserção é de grande importância no cenário atual do sistema prisional no estado de Rondônia. O reeducando torna-se útil de forma pessoal, aos familiares e à sociedade.

Na semana passada, o vice-governador Daniel Pereira visitou a unidade com os secretários estaduais da Agricultura (Seagri) e Educação (Seduc), além do superintendente da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel) a fim de conhecerem o projeto e pensarem em parcerias com a Secretaria de Justiça (Sejus), para expansão do trabalho confeccionado pelos reeducandos na Fábrica de Bolas .