AGRICULTURA
17 de maio de 2018 | Governo do Estado de Rondônia
Vai terminando o inverno amazônico, e os prevenidos criadores de gado já estão com as “despensas” preparadas para alimentar os animais no período de seca. É assim na Gleba Aliança, Linha 28, em Porto Velho. Com mais de duas mil famílias produzindo na região, quem tem o milho já faz a ensilagem, triturando o fruto, para manter os animais com alimento saudável e nutritivo durante o verão.
No sítio Águas Claras, o produtor José da Silva Castro, 65 anos, já tem 160 toneladas de silo estocado, o que dá para alimentar suas “mais de quatro vacas”, como ele prefere dizer, e ainda vender para os criadores que não se prepararam para o período. Mas para aprender todo o processo e chegar aos resultados atuais, José tem uma longa história de experiência.
“Quando cheguei aqui, em 1986, o sonho era ter um sítio com pelo menos quatro vaquinhas leiteiras, e hoje temos bem mais que um pequeno sítio. Começamos com um lote, fomos comprando outros lotes, e agora temos uma área boa de quatro módulos fiscais (cada um corresponde a 22 hectares). Sempre conservando a natureza, plantamos o milho e de uma forma sustentável a terra já vai ficando adubada e mais fértil a cada colheita, mantemos os animais saudáveis e a produção de leite é de 110 litros por dia, mas queremos chegar a, pelo menos, 300 litros”, se orgulha o produtor.
Dos cinco hectares de cultivo de milho, o serviço de ensilagem já está no último hectare, mas a ideia é alcançar uns 20 hectares, segundo José. Com uma máquina ensiladeira, os trabalhadores passam por cada fileira da plantação, conseguindo colher e triturar em menos de meia hora e até encher a capacidade da carretinha, a quantidade de duas toneladas. O milho já sai triturado da máquina, e é despejado no local já preparado para receber a silagem. Um trator é utilizado para compactar o alimento, e um produto chamado Silobac é borrifado sobre todo o alimento para auxiliar na fermentação e melhorar ainda mais a qualidade do silo.
“É claro que isso também depende da qualidade da plantação e do tempo de colheita. O milho deve estar com 40 a 50% de umidade, e o tempo entre o plantio e a colheita deve ser de 75 dias. Caso contrário o milho estará seco e verde, e o ponto da silagem não será o mesmo”, conta José Castro. No final do processo, uma lona cobre o alimento animal, isolando bem as laterais do monte para que a chuva não penetre. O produtor aplica um veneno ao redor do local para afastar as formigas e a área usada como “despensa” para o produto também é isolada para que os próprios animais não pisem sobre o estoque.
“O fruto que sobra é vendido para pamonharias e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal”, completa. Já o silo é vendido por R$ 0.40 o quilo. Anualmente, com a comercialização de toda a produção, entre o milho, leite e alguns animais de descarte, José fatura aproximadamente R$ 40 mil, gerando renda para dois funcionários diretos e ainda mais duas pessoas indiretamente.
Para chegar a esses resultados, José Castro contou com o auxílio e orientação direta da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Rondônia. “Quando eu conheci o seu José ele estava processo de aposentadoria como servidor público, e tinha a vontade de voltar às origens com a vida e atividade rural. Ele era muito ávido por tecnologia, e foi um dos primeiros projetos de crédito que nós fizemos aqui na região, em 2003, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e aprovamos o primeiro projeto aqui com gado Girolando registrado. Já iniciou com projeto sustentável com base tecnológica. Nesse caso, com animais de alta performance, necessariamente é preciso fornecer alimentação que dê sustentação para o animal expressar esse potencial produtivo”, conta a veterinária da Emater, Gilvânia Carvalho.
A lição que José Castro aprendeu foi que sem investimento na alimentação a vaca não responde à altura do esperado. Foi um dos primeiros produtores locais a adotar a inseminação artificial, trabalhando com genética animal. “Esse armazenamento de silagem é importantíssimo para manter a produção. Geralmente na seca os animais perdem peso e até 50% da capacidade de produção de leite e carne, mas com esse alimento a vaca tem todas as proteínas e a energia que ela precisa para produzir”, explica a profissional.
Com relação ao solo, José também aprendeu a fazer o melhoramento com o calcário, mas o próprio plantio já faz o adubo. “Normalmente essa região precisa de seis toneladas de calcário por hectare, e na última análise de solo que fizemos aqui, precisou de uma tonelada só. No começo, na primeira safra, nós tiramos uma carreta e meia em um hectare, na segunda nós tiramos sete carretas. Na terceira já fomos para 12 carretas. Começamos a expandir a área e agora na última safra produzimos 34 toneladas por hectare. Isso sem derrubar nenhuma árvore a mais”.
Segundo o oitavo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sobre a safra 2017/2018, Em Rondônia, a área cultivada para o milho plantando na primeira safra foi de 31 mil hectares, com produção de 76.400 toneladas.
Nesta segunda safra, a implantação das lavouras se encontra bem adiantadas, executando o controle do mato e adubação nitrogenada em cobertura. O perfil do produtor que cultiva essa cultura é de médio a grande produtor, com elevado nível tecnológico, ampla utilização de corretivos, fertilizantes e defensivos e uso de mecanização agrícola garantindo assim elevadas produtividades. A área cultivada está estimada em 151,4 mil hectares, com produtividade em torno de 4.586 Kg/ha, resultando na produção de 694,3 mil toneladas.
Atualmente o estádio da cultura é: 20% em desenvolvimento vegetativo, 40% em floração e 40% em frutificação. No Vale do Guaporé terá milho apto a ser colhido no fim de maio, no entanto os produtores tendem a deixá-lo no campo e colher mais adiante, pois a probabilidade de ocorrência de chuva reduz à medida que o tempo passa.
Fonte
Texto: Vanessa Farias
Fotos: Marcelo Gladson
Secom - Governo de Rondônia
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